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Especialistas acreditam que juros devem se manter estáveis

Mercado financeiro está em alerta para a decisão do Copom



Foto: Pixabay

Nesta quarta-feira (19), o mercado financeiro está em alerta para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a taxa de juros. Especialistas do setor acreditam que o comitê deve manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, interrompendo o ciclo de cortes, em meio a um cenário de alta inflação e volatilidade cambial.

Marcelo Bolzan, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, prevê a manutenção da taxa devido à piora dos balanços de riscos desde a última reunião. "O desafio do Banco Central aumentou em convergir a inflação para a meta em 2025", comentou Bolzan. Ele destacou o impacto da alta do dólar, que chegou a R$ 5,40, e o aumento dos juros futuros como fatores complicadores. "O Focus divulgado hoje já projeta inflação de 3,96% ao final de 2024 e 3,80% ao final de 2025", ressaltou.

Bolzan atribui essa volatilidade tanto ao cenário externo quanto interno. Nos Estados Unidos, a perspectiva de juros mais altos continua atraindo fluxos de recursos, prejudicando mercados emergentes como o Brasil. Internamente, a aceleração do IPCA em maio, que avançou 0,46%, acima da mediana de 0,42%, é um fator de preocupação, especialmente nos grupos de Alimentação & Bebidas e Habitação. "A piora na percepção das contas fiscais e questões sobre a credibilidade da política monetária desancoram ainda mais as expectativas de inflação", explicou.

Nicolas Gass, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, compartilha uma visão similar. "A expectativa é de estabilidade na taxa básica de juros, em 10,5%", afirmou Gass, destacando a influência das decisões de juros nos Estados Unidos. "A previsão de fechar o ano com uma taxa terminal de 9, 9,5% dependia de uma redução nos juros americanos a partir de maio, o que não ocorreu", explicou.

Gass também mencionou a preocupação com o cenário fiscal brasileiro, especialmente a resistência à MP do Pis/Cofins e a incerteza sobre a compensação da desoneração da folha, que representa um déficit de cerca de 26 bilhões de reais. "O fiscal preocupa bastante, como vemos nas falas do próprio Campos Neto", acrescentou.

Para Bolzan, o comunicado do Copom deve adotar um tom mais hawkish, mantendo a possibilidade de futuros cortes de juros dependendo dos dados econômicos subsequentes. Gass considera possível um corte adicional de 0,25% até o fim do ano, mas acredita que a taxa deve permanecer em 10,5% até o final de 2024. "Um Banco Central mais cauteloso é o mais provável", concluiu.

Cassiana Garcia, planejadora financeira e sócia da The Hill Capital, ressalta que a renda fixa continuará atrativa devido aos juros altos. "O cenário de incerteza econômica e política fiscal faz com que os investidores procurem mais segurança", explicou Garcia, destacando a migração para títulos de renda fixa isentos de imposto.

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, observa que as incertezas externas se deterioraram com questões relacionadas às decisões de juros do FED e eventos geopolíticos. "Os fortes dados de atividade econômica e a composição da inflação sugerem maior cautela na política monetária", disse Carvalho.

Kaique Fonseca, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, vê boas oportunidades em ativos prefixados e títulos indexados ao IPCA de médio prazo. "A volatilidade desses títulos é menor e oferecem um prêmio interessante", comentou Fonseca, destacando a importância de uma readequação fiscal para a redução dos juros.

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