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Escolas do campo impactadas pelos temporais ainda sofrem com os prejuízos

Presidente da Agptea ressalta perdas em prédios e setores de aprendizagem


Foto: Escola Cruzeiro do Sul/Divulgação

Os eventos climáticos que atingiram o Rio Grande do Sul nos meses de maio e junho causaram impactos significativos para diversas escolas técnicas agrícolas. Muitas dessas instituições de ensino registraram danos estruturais em seus prédios, além de perdas nos setores de aprendizagem, de produção e de pesquisa. Professores, alunos e funcionários também tiveram perdas em suas casas e propriedades. O momento agora é de reconstrução.

O presidente da Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea), Fritz Roloff, afirma que diante de toda esta situação de calamidade que o estado viveu, principalmente em algumas regiões onde houve inundação e deslizamentos, também as escolas do campo sofreram. Conforme o dirigente, muitas tiveram os seus acessos danificados, assim como os seus laboratórios naturais, que “são justamente as áreas agrícolas dos experimentos”. “Plantações foram totalmente perdidas”, pontua Roloff, entendendo a importância da comunidade na reconstrução dessas escolas.

Conforme Roloff, este é o momento de o governo estadual rever o seu novo decreto número 57.641, de 29 de maio deste ano, que fala em criar uma nova ferramenta de gestão através do Conselho Escolar. Ele defende que a gestão das escolas deve ser feita pelas direções em conjunto com os professores e apoio dos pais. “Deveríamos ter incentivos para que a comunidade escolar possa se inserir e colaborar”, enfatiza..

A Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, localizada em São Luiz Gonzaga, região das Missões, terá a sua história marcada por muito tempo com os prejuízos provocados pelo temporal do dia 15 de junho, classificado por meteorologistas como uma microexplosão (quando a nuvem não suporta a quantidade de água e despeja muita chuva em pouco tempo). O diretor Ayrton Avila destaca a importância da escola para a região missioneira, para o estado como um todo e para o país “pela sua capacidade de formar técnicos muito bons, que trabalham com eficiência no processo produtivo”. “Temos alunos espalhados por todo o Brasil e, inclusive, fora dele”, informa.

Avila reforça que as escolas agrícolas são essenciais para o Rio Grande do Sul. “Nós somos produtores de alimentos e, para isso, formamos os técnicos em agropecuária. Portanto, precisamos mantê-las em pé”, coloca, ressaltando que a comunidade entendeu perfeitamente o pedido de ajuda neste momento. De acordo com o diretor,  houve o destelhamento do prédio principal das salas de aula, assim como o que abriga o internato, que também teve as janelas quebradas pelo granizo. Foram atingidos, ainda, setores como os aviários, bovinos de leite, galpão dos ovinos e estufas, entre outras áreas da escola. “Os estragos foram muito grandes. A rede elétrica ficou toda no chão e as árvores em frente da escola foram arrancadas pela raiz”, lamenta.

Conforme o diretor da Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, representantes da coordenadoria regional da Educação estiveram visitando o local. “Pensamos na elaboração de dois projetos: um para reerguer a energia elétrica e outro para a infraestrutura dos prédios”, disse Ayrton Avila, comentando que estão ocorrendo conversações com o governo do estado e com a comunidade em busca de solucionar os problemas. “Com um evento climático desta natureza e com esta intensidade, o que estava planejado na escola muda, então o planejamento tem que ser refeito e repensado a partir do que está posto e ir tomando medidas para tentar resolver os problemas”, enfatiza, colocando que a natureza está dando um recado. “Temos que ter muito cuidado com o meio ambiente, com o sistema produtivo e com a maneira como nós trabalhamos com esta natureza”, conclui.

Outra escola muito atingida pelos fenômenos climáticos foi o Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva (Cadop), de Cachoeirinha. O diretor Fabio Bialoglowka conta que a  escola ficou 19 dias embaixo d’água. “Praticamente 90% da instituição foi atingida e dentro desse percentual, 95% da produção agrícola e dos animais foram perdidos", revela. Segundo ele, a direção não tinha noção de que poderia alagar dessa maneira, pois nunca havia acontecido. “Nenhum alerta foi feito para que pudéssemos nos preparar”, desabafa.

Bialoglowka salienta que da comunidade escolar 35% dos alunos foram atingidos tanto do Ensino Fundamental quanto do curso Técnico. “O nosso retorno se tornou necessário assim que a escola foi liberada porque a comunidade estava precisando que os alunos tivessem um acolhimento, um espaço para seguir a vida de uma forma normal. Nós retornamos tanto com tempo integral quanto o regular”, informa o diretor. Ele recorda que a escola já havia sofrido com o temporal de 13 de janeiro passado quando caíram 32 árvores. “Estávamos nos organizando ainda para recuperar a área quando veio a enchente. Perdemos sementes, estamos trabalhando com ferramentas enferrujadas. Na zootecnia perdemos chocadeira, material de inseminação, botijão de nitrogênio, ordenhadeira. Na questão estrutural, os prédios da escola estão pedindo por ajuda”, sinaliza.

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