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Engenheiro agrônomo: o elo entre a ciência e o campo

Data é comemorada em 12 de outubro



Foto: Divulgação

No Dia do Engenheiro Agrônomo, celebrado em 12 de outubro, o Brasil reflete sobre o papel fundamental desses profissionais que conectam o avanço científico às práticas no campo. Em um cenário de desafios climáticos, avanços tecnológicos e crescente demanda por sustentabilidade, o engenheiro agrônomo se consolida como um pilar do agronegócio, ajudando a transformar o Brasil em uma potência agrícola global. Mas como esse profissional está se adaptando a um mundo em constante mudança? O que o futuro reserva para essa carreira que é tão essencial para o desenvolvimento sustentável?

A Comunicação eficaz: um pilar do sucesso

De acordo com Giovani Faé, engenheiro agrônomo e Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, a comunicação eficaz é fundamental na rotina do agrônomo, pois muitas vezes os produtores rurais resistem a novas tecnologias devido a barreiras culturais e à zona de conforto. “Existe uma resistência natural às mudanças, mas, quando o agrônomo escuta o produtor e entende suas práticas, torna-se mais fácil apresentar inovações que realmente façam sentido para aquele contexto", explica Faé.

Ele destaca que um dos maiores erros dos agrônomos é tentar impor soluções sem primeiro ouvir o que o produtor precisa. "Não se trata de empurrar uma tecnologia, mas de compreender as razões por trás das práticas tradicionais e, a partir daí, introduzir novas ideias de forma mais acessível e eficaz." Segundo Faé, essa postura é especialmente relevante em um momento em que o campo está sendo inundado por informações e desinformações vindas de diversas fontes, o que pode confundir os agricultores.

Tales Tiecher, Professor Adjunto do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia, Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo, e com uma vida dedicada à academia, compartilha uma visão semelhante. Para ele, a capacidade de comunicação é uma das habilidades mais importantes que o engenheiro agrônomo precisa desenvolver. “Nos dias de campo, por exemplo, muitas vezes os produtores recebem uma infinidade de  informações de várias fontes, e é difícil reter o que realmente é relevante", explica Tiecher. Ele ressalta que, além de transmitir conhecimento técnico, o agrônomo deve ser capaz de traduzir esse conhecimento em termos simples e práticos, ajudando o produtor a tomar decisões mais informadas.

A ponte entre a ciência e o campo

O engenheiro agrônomo moderno não é apenas um consultor técnico, mas também um facilitador entre a ciência e a prática no campo. Segundo Tiecher, a formação acadêmica dos engenheiros agrônomos no Brasil está se adaptando, mas ainda tem muito a evoluir. “Hoje, temos temas importantes como inteligência artificial e agricultura digital sendo tratados nos grupos de pesquisa, mas ainda não são amplamente integrados aos currículos das universidades", comenta.

Ele ressalta que o papel da universidade é fundamental na formação de profissionais que consigam aplicar os avanços científicos de forma prática no campo. "A pesquisa é o que mantém o agrônomo atualizado e o capacita a enfrentar os desafios do campo. O que vemos é que os profissionais precisam não só entender as novas tecnologias, mas também saber como aplicá-las no contexto real das propriedades agrícolas", afirma Tiecher.

Giovani Faé acrescenta que o Brasil, hoje uma potência mundial na produção de alimentos, só chegou a esse patamar graças ao avanço tecnológico, como o melhoramento genético de culturas e o manejo de solo. Ele destaca que, em tempos de mudanças climáticas, o papel do engenheiro agrônomo se torna ainda mais relevante. "As condições climáticas estão se tornando cada vez mais extremas, e precisamos de cultivares adaptadas para garantir a produção sustentável. O agrônomo é quem traduz essas tecnologias para o campo, ajudando o produtor a lidar com esses desafios", explica Faé.

Desafios da sustentabilidade e da inovação

A sustentabilidade é outro tema central para os engenheiros agrônomos. Com o aumento da pressão por práticas agrícolas mais ecológicas e eficientes, o agrônomo se vê na linha de frente da busca por soluções que conciliem produtividade e respeito ao meio ambiente. Faé observa que, no Brasil, a expansão agrícola foi possível graças a tecnologias que permitem a produção em áreas desafiadoras, como o Cerrado, sem a necessidade de desmatamento. "Hoje, é possível produzir mais sem derrubar uma árvore, e isso é fruto de inovações que o agrônomo ajuda a implementar", diz ele.

Entretanto, o desafio não está apenas na sustentabilidade, mas também na inovação tecnológica. Segundo Faé, muitos produtores ainda têm dificuldades para incorporar novas ferramentas digitais em suas práticas diárias. “As tecnologias digitais, como aplicativos de monitoramento e plataformas de gestão agrícola, podem transformar a produtividade, mas o produtor precisa entender como usá-las da maneira correta. O agrônomo é quem vai ajudar nessa transição, garantindo que as soluções sejam aplicadas de forma prática e eficaz", ressalta.

Tiecher ainda acrescenta que, além de adotar novas tecnologias, o produtor precisa desenvolver uma mentalidade de longo prazo. "Muitas vezes, o agricultor está focado nos resultados imediatos e não pensa na gestão de longo prazo da propriedade. O papel do agrônomo é mostrar que a adoção de boas práticas agrícolas, aliadas à tecnologia, pode trazer benefícios duradouros", comenta.

A ascensão das mulheres na agronomia

O setor agrícola, historicamente dominado por homens, tem visto uma crescente presença feminina nos últimos anos, e as engenheiras agrônomas estão conquistando cada vez mais espaço no campo. Segundo Marília Ferreira, engenheira agrônoma que atua em Goiás, as mulheres estão assumindo papéis de liderança e desempenhando funções essenciais para o desenvolvimento do agronegócio. "O Dia do Engenheiro Agrônomo é também uma celebração da presença cada vez maior das mulheres na agronomia. Nós estamos em todas as áreas, desde a pesquisa até a produção e a liderança comercial", afirma.

Marília, que atua como líder regional de marca de campo, compartilha sua jornada pessoal no setor, desde estágios na faculdade até cargos de liderança em multinacionais do agronegócio. Ela ressalta que a agronomia oferece uma infinidade de oportunidades, e que a diversidade de experiências no campo tem sido enriquecedora tanto para sua carreira quanto para o setor como um todo. "A cada dia aprendo mais com os produtores e produtoras com quem trabalho. O campo é uma escola constante, e as mulheres estão mostrando sua força e competência em todas as frentes", destaca.

O futuro da agronomia: inovação e resiliência

A revolução digital que está transformando o campo exige do engenheiro agrônomo habilidades que vão além do conhecimento tradicional sobre solo e cultivo. Ferramentas de monitoramento remoto, inteligência artificial e análises preditivas estão rapidamente se tornando parte da rotina dos agrônomos. Para Flávio Mazetto, engenheiro agrônomo, o futuro da profissão está na capacidade de aliar o conhecimento profundo da terra com o domínio de tecnologias avançadas. "O agrônomo precisa ser uma ponte entre a ciência agronômica e as tecnologias emergentes. Ele é o responsável por traduzir essas inovações em soluções que aumentem a produtividade e reduzam os impactos ambientais", comenta Mazetto.

Essas tecnologias, segundo Mazetto, são cruciais para o sucesso da agricultura sustentável no Brasil. "Estamos vendo a automação das atividades no campo crescer rapidamente, e o agrônomo precisa estar preparado para guiar os produtores na adoção dessas ferramentas, mostrando como elas podem melhorar a eficiência e garantir a sustentabilidade", conclui.

 

No Dia do Engenheiro Agrônomo, é essencial reconhecer o papel desses profissionais que, além de garantir a segurança alimentar, estão na linha de frente da inovação e da sustentabilidade. O engenheiro agrônomo é o elo entre a ciência e a prática no campo, e seu trabalho é cada vez mais essencial em um mundo que exige produção eficiente e respeito ao meio ambiente. Seja pela adoção de novas tecnologias, pela adaptação às mudanças climáticas ou pela promoção de uma comunicação mais clara e eficaz com os produtores, o futuro da agronomia é promissor e de desafios que só reforçam a importância da profissão.

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