Com o objetivo de discutir as principais implicações tecnológicas, sócio-econômicas e ambientais do desenvolvimento da pecuária na Amazônia, PROCITROPICOS/IICA, Embrapa Rondônia e o Governo do Estado de Rondônia (SEAPES, IDARON, Emater, Câmara Setorial do Leite), juntamente com o Sebrae Rondônia, CREA Rondônia, ILES/ULBRA, FIERO, Ceplac e Delegacia Federal de Agricultura, realizarão em Porto Velho, Rondônia, no período de 15 a 18 de julho de 2003, o Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia: Produtividade com Qualidade Ambiental.
Um dos temas que será abordado é a ocorrência das cigarrinhas-das-pastagens na região Amazônica e suas interrelações com a persistência e produtividade da produção de forragem. Desmatamento. Formação de monoculturas. Exploração máxima do solo. Estes são os principais fatores responsáveis pela infestação de cigarrinhas nas pastagens em Rondônia. Conhecido pela sua resistência natural ao ataque da praga, um dos capins mais cultivados no Estado – o ‘brachiarão’ – acaba de perder uma batalha contra a praga. Os primeiros ataques à variedade começaram a ser
percebidos no final da década passada, sendo que atualmente a região Cone/Sul do Estado, Ariquemes, Porto Velho e alguns pontos isolados em Rondônia apresentam casos de infestação, informação obtida a partir de levantamento feito em 2000 por pesquisadores da Embrapa, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.
“O estresse do solo provocado pela formação de monoculturas e a constante degradação de milhões de hectares são as causas mais prováveis pela perda de resistência do capim”, revela o pesquisador da Embrapa Rondônia na Área de Pastagens e Produção Animal, Cláudio Ramalho Towsend. O monocultivo da espécie ‘brachiarão’ começou a predominar no Estado em meados da década de 80,
cerca de 15 anos após o início da formação de pastagens em Rondônia. “O capim ‘colonião’, as brachiarias ‘rosiense’ e ‘dechumens’ eram e são suscetíveis às cigarrinhas. Após o lançamento de novas variedades – como o ‘andropogo’, o ‘marandu’ e ‘brachiarão’ – produtores substituíram suas pastagens principalmente pelo ‘brachiarão’”, relata o pesquisador. Hoje, aproximadamente 90% dos pastos são formados por essa variedade. Intensificando os efeitos negativos, uma nova espécie da praga vem atacando com mais freqüência: a cigarrinha da cana-de-açúcar, inseto maior que provoca efeitos mais visíveis.
O período chuvoso propicia o aumento da praga: os ovos eclodem justamente com a presença da chuva. Além de agredir pastagens, a praga também ataca o arroz, o milho e a cana-de-açúcar. “Na fase de ninfa, o inseto se alimenta sugando a seiva da planta. Ao mesmo tempo, expele uma espécie de espuma que a debilita. Ao sugar a seiva, a cigarrinha injeta toxinas na planta. Daí o aspecto de queimada”, explica Towsend. O ciclo biológico das cigarrinhas varia entre 21 e 30 dias. De vida
adulta, o inseto tem apenas sete dias, período em que os métodos de combate não são eficazes: “quando adulto, o inseto já debilitou a planta, ação realizada no período de ninfa”, reforça o especialista.
Manejo integrado é solução, avisa pesquisador O combate à praga parte do levantamento do número populacional do inseto nas pastagens – realizado por técnicos produtores especializados – e a implantação do “manejo integrado de pragas”. “Não existe método único de controle, por isso adotamos essa classificação”, pondera o pesquisador. Em casos de grandes infestações, o método químico deve ser adotado, “desde que com inseticidas recomendados pelo Ministério da Agricultura”, lembra Towsend. O levantamento do número de ninfas é indispensável nesse aspecto: a aplicação de inseticidas deve ser feita antes do inseto chegar à sua fase adulta.
Pesando contra a balança, no entanto, os agrotóxicos representam altos investimentos pelas grandes áreas formadas, além do iminente risco ambiental. “Um período de carência para os animais que se alimentam das pastagens deve se levado em conta. O risco de contaminação de produtos, como carne e leite, também é muito alto”, diz.
ECOLOGICAMENTE CORRETO – Em outra vertente, o controle biológico conquista cada vez mais adeptos. “O manejo integrado aliado ao consórcio de gramíneas com leguminosas, diminui o desenvolvimento da praga. Leguminosas plantadas junto com gramíneas constituem em verdadeiros cordões de isolamento”, apresenta Cláudio Ramalho Towsend. Outra indicação do pesquisador é o manejo das pastagens: o ‘brachiarão’, por exemplo, nunca deve estar abaixo dos 30 centímetros.
A Embrapa Rondônia também investe na criação de um fungo, predador natural da praga, que se desenvolve em farelo de arroz. Diluído em água, o fungo é pulverizado diretamente nas pastagens. “Em experimentos da Embrapa conseguimos controlar em até 80% o ataque de cigarrinhas com o manejo integrado de pragas”, conclui.
Mais informações sobre o fungo e outros métodos de combate podem ser obtidas pelo endereço eletrônico [email protected] ou pelo telefone (69)222-0014.
Jornalista responsável: Guilherme Ferreira Viana
Embrapa Rondônia
(69) 222-0014
E-mail: [email protected]