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Embarques de algodão serão recordes no ano



As exportações de algodão neste ano devem ser recordes e estão estimulando a antecipação da venda da safra futura. Estima-se que serão embarcadas 185 mil toneladas da commodity, índice não alcançado há 15 anos. Para o ano que vem, antes mesmo do plantio da safra, já foram negociadas oficialmente140 mil toneladas do produto. Em 2002, o País comercializou com o exterior 107 mil toneladas, de acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Nas últimas duas semanas, produtores de Goiás negociaram extra-oficialmente 100 mil toneladas da safra 2003/04, que nem foi plantada - cerca de 50% da anterior ainda está no campo. Em Mato Grosso, uma missão de empresários estrangeiros está agendada para os próximos dias, de olho no produto que será oferecido ao mercado em 2004. Nesse estado, comenta-se a negociação antecipada de 100 mil toneladas.

De acordo com levantamento da empresa Safras & Mercado, só no mês passado foram fechados oficialmente negócios de 41,5 mil toneladas que, somados aos anteriores, totalizam 140 mil toneladas a ser exportado a partir de julho do ano que vem. A estimativa da consultoria é de que em 2004 o Brasil comercialize com o exterior 200 mil toneladas do grão. Mas, seguindo o entusiasmo dos produtores, este número pode ser superado.

"Estamos estimulando os produtores a aumentarem a área de cultivo pensando nas vendas externas", diz Paulo Shimohira, presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa). Segundo ele, a tendência é de pelo menos exportar 20% da produção. Não existem ainda estimativas para o plantio da safra futura. Em Mato Grosso, o Projeto Comprador pretende dobrar as exportações do estado nos próximos três a quatro anos. Para isso, estão sendo investidos R$ 2,8 milhões na promoção do produto, incluindo a vinda de empresários estrangeiros ao Brasil.

Na semana passada um grupo de industriais e importadores da Malásia, Filipinas e da Espanha esteve visitando um laboratório de análise de fibras e as instalações das algodoeiras. No próximo dia 14, empresários chineses e coreanos estarão em caravana pelo estado. "Queremos mostrar a qualidade da fibra e a constância de nossa produção", afirma Décio Tocantins, diretor-executivo da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa).

A expectativa é de que este ano o estado comercialize com o exterior 150 mil toneladas. Tocantins disse que a antecipação das vendas de algodão se deve à redução do volume dos estoques mundiais. "A exportação alivia o cotonicultor porque tira o produto que o mercado interno não está assimilando", diz Hélio Tollini, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Opinião semelhante tem Miguel Biegai Júnior, analista da Safras Mercado. Biegai informa que as exportações para 2004 estão sendo negociadas com o dólar a R$ 3,30. De acordo com Tollini, o consumo nacional caiu e há expectativa de queda de preço.

Crédito especial

Os produtores estão solicitando que o governo autorize a Linha Especial de Crédito à Comercialização (LEC) para que possam segurar os estoques durante a safra. Segundo José Maria dos Anjos, diretor do Departamento de Abastecimento Agropecuário Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, o assunto será discutido na próxima semana. Biegai Júnior não acredita que o preço possa desabar muito por causa da paridade de exportação. Além disso, ele salienta que o valor cobrado no mercado interno, cerca de R$ 48 a arroba, está acima do custo de produção (R$ 41 a arroba).

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