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Embargo russo preocupa exportador de carne do Brasil


Exportadores brasileiros de carnes encaram com apreensão o primeiro dia, ontem (20-09), do embargo russo ao produto brasileiro, mas têm esperança de que a proibição não dure muito. A barreira da Rússia às exportações de produtos de origem animal do Brasil, motivada pelo mais recente caso de febre aftosa, identificado em gado no Amazonas há dez dias, ameaça vendas somente neste ano superiores a US$ 500 milhões.

O Brasil embarcou à Rússia de janeiro a agosto 134 mil toneladas de carne bovina, 199 mil toneladas de suíno e 145 mil de frango, volumes que renderam para os exportadores US$ 547 milhões no período.

"Como esse embargo afetará o setor depende de quanto tempo ele vai durar", afirmou Carlos Alberto Freitas, diretor-superintendente da Cooperativa de Suinocultores de Encantado (Cosuel), no Rio Grande do Sul, que tem a Rússia como destino de 50% das exportações de suíno.

"Temos espaço de armazenagem para cerca de dez dias. Depois, teremos de alugar armazéns ou reduzir a produção e as compras junto aos produtores", disse Freitas, acrescentando que tinha esperança de que a questão possa ser resolvida em uma ou duas semanas.

Freitas e outros produtores e exportadores do emergente setor de carnes brasileiro participam de um simpósio sobre alimentação animal na capital paranaense. Segundo a Abipecs, entidade que reúne os exportadores de suínos, a Rússia é responsável por 65,5% de todas as exportações de suínos do Brasil.

Na área de aves, que também foi atingida pela medida russa, apesar de não representar riscos de propagação da febre aftosa, ao contrário dos bois e suínos, o embargo pode frustrar uma recuperação que vinha sendo registrada nas vendas para a Rússia depois que uma resolução de Moscou permitiu que importadores comprassem do Brasil volumes maiores que a cota do país, em casos de falta de opções no mercado.

Vendas externas

Com os insistentes focos de gripe de aves em vários países produtores, o Brasil tem se beneficiado e, de janeiro a agosto, já exportou 1,59 milhão de toneladas de carne de frango, 26% a mais do que em igual período de 2003.

A Abef, que reúne os exportadores, informa que o País se tornou o maior exportador mundial, ultrapassando os Estados Unidos. "Esse embargo russo é ridículo. Além de não afetar aves, você já viu a distância do Amazonas para a região Sul?", questionou Gilberto Silva, gerente de produção da Céu Azul Alimentos, que abate 200 mil frangos/dia em duas unidades - Itapetininga e Sorocaba (SP) e direciona 45% da produção para a exportação.

"Fica bastante explícito que isso é uma questão política que não tem nada a ver com sanidade animal", afirmou Silva, acrescentando que o setor avícola é menos dependente da Rússia e tem mais de 100 países como destinos fora do Brasil. "Quando a Rússia impôs as cotas, nós já partimos para a diversificação de mercados compradores." Uma missão do governo brasileiro vai a Moscou para negociar a suspensão.

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