El Niño pode trazer revisões na produtividade estimada
Fenômeno vai trazer impactos trazer impactos nas operações de plantio e colheita na primavera e verão
As condições climáticas observadas no decorrer do mês de julho, acendem um sinal de alerta em relação aos eventos extremos. Podemos atribuir isso às temperaturas muito acima da média histórica registrada em várias regiões do planeta. Essas temperaturas mais altas, representam uma maior disponibilidade de energia na atmosfera que pode alterar os padrões climáticos.
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É esperado em eventos de El Niño, um aumento da temperatura média global. Porém, em 2023 esses valores vêm os mais altos já registrados na série histórica, considerando dados desde 1979. Sendo superiores aos registrados em 2016, considerado o ano mais quente da história e com a atuação de um El Niño classificado como forte.
O que as projeções vêm mostrando?
A mais recente simulação do Bureau of Meteorology – centro australiano – tem uma sinalização de quando o El Niño vai se “estabilizar”. As projeções indicam que o evento deve atingir a sua máxima intensidade, em níveis classificados como fortes, em dezembro e permanecer assim ainda em janeiro.
As simulações do Centro Americano de Previsão Climática (CPC-NOAA) também mostram um cenário muito parecido com a projeção dos australianos. Porém o limite de projeção dos americanos é um pouco mais avançado, avaliando até o trimestre de fevereiro-março-abril.
Nas projeções do CPC-NOAA, a tendência é de maior intensidade entre novembro-dezembro-janeiro, indicando uma redução da intensidade ao longo dos próximos períodos de 3 meses corridos.
Como isso mexe com o agro brasileiro?
A maior preocupação refere-se ao comportamento das chuvas e um comportamento que é consenso entre os meteorologistas e boa parte das projeções climáticas, é que a região sul do Brasil terá mais chuvas entre a primavera e o verão. E dada as condições de temperaturas muito acima da média – refletindo na maior disponibilidade de energia na atmosfera – as chuvas têm grandes chances de ocorrer na forma de eventos extremos. Ou seja, neste ano, não será surpresa os eventos de chuvas que podem trazer o equivalente do mês em poucos dias.
Isso pode trazer um problema logístico muito grande, uma vez que entre setembro e dezembro ocorre a colheita do trigo no sul do Brasil. A pressão de chuvas no período da colheita, traz uma série de desafios para o produtor rural, como o aumento da incidência de fungos (no campo e na aglomeração), brota no campo, e dificuldade de operar os equipamentos com o solo e a cultura ecológica . Deste modo, todas as projeções de uma safra muito promissora de trigo no Brasil podem ser revisadas ao final das operações.
Já na região do MATOPIBA, Centro-Oeste e Pará – dadas as condições climáticas e as projeções – a soja pode ser plantada no seco e ter dificuldades na emergência e estabelecimento inicial. Além da previsão de chuvas abaixo da média, há uma tendência de temperaturas muito acima da média, o que resulta em uma maior perda de água do solo por efeitos de evapotranspiração. E nos casos mais extremos, as temperaturas da superfície do solo podem atingir níveis onde causa o aborto da semente.
Diante dos fatores climáticos que podem ocorrer nos próximos meses, a produção agrícola brasileira pode enfrentar desafios experimentados em momentos cruciais (plantio e colheita). A expectativa de chuvas extremas no sul do Brasil. Esses desafios na produção, consequência das variações climáticas, podem provocar oscilações significativas nos preços dessas commodities no mercado.
Com a produção potencialmente comprometida, é possível que haja uma elevação dos preços no mercado futuro, o que pode ter um impacto substancial na economia brasileira e global. Portanto, é crucial que os produtores, comerciantes e governos estejam preparados para possíveis mudanças e volatilidades nos preços dessas commodities, buscando alternativas de mitigação e adaptação a essas mudanças climáticas.
Material elaborado pelo metereologista, Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete