El Niño deve reforçar as condições de clima extremo: colheita e plantio em ALERTA máximo
Safra atual sofre com a pressão do fenômeno
As condições oceânicas e atmosféricas estão sob o efeito do fenômeno El Niño e deverão persistir ao longo dos próximos meses. Este padrão altera as condições climáticas em todo o globo, com efeitos distintos e, até certo ponto, conhecidos no padrão de chuvas e temperaturas.
Isso, altera as condições para o desenvolvimento das lavouras no mundo, bem como no Brasil.
Impactos no Brasil: A safra atual sofre com a pressão do fenômeno.
No nosso país, o cenário clássico do El Niño define um verão com chuvas mais abundantes na região sul, maior irregularidade no centro-oeste e chuvas abaixo da média histórica no norte e nordeste. No que diz respeito às temperaturas, o El Niño traz uma condição mais quente.
Este padrão está afetando as condições atuais das lavouras , a irregularidade das chuvas no centro-norte do Brasil, está comprometendo o estabelecimento inicial da soja, algodão e do milho primeira safra. Bem como as temperaturas acima da média, que aumenta a taxa de evaporação, resultando em um déficit hídrico ainda mais pronunciado.
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Por outro lado, no Sul, as dificuldades vêm com o excesso de chuvas. Isso está atrapalhando o avanço da semeadura dos cultivos de verão como soja, milho, feijão e arroz, bem como aumentando a pressão de pragas e doenças no trigo que está maduro.
ONU Alerta: 2024 muito mais quente do que o ano mais quente já registrado, com aumento nos eventos de tempo severo.
Em recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão vinculado à ONU, há uma grande preocupação em relação às temperaturas que poderão ser registradas no ano subsequente do início do El Niño, neste caso o ano de 2024. A preocupação é pertinente uma vez que, desde o mês junho o mundo vem registrando temperaturas médias acima do máximo já registrado na história recente.
“Os impactos do El Niño na temperatura global ocorrem normalmente no ano seguinte ao seu desenvolvimento, neste caso em 2024. Mas como resultado das temperaturas recordes da terra e da superfície do mar desde junho, o ano de 2023 está agora no caminho certo para ser o mais quente ano registrado. O próximo ano pode ser ainda mais quente. Isto deve-se clara e inequivocamente à contribuição das crescentes concentrações de gases com efeito de estufa que retêm o calor provenientes das actividades humanas”, afirmou o Secretário-Geral da OMM, Prof. Petteri Taalas.
“Eventos extremos como ondas de calor, secas, incêndios florestais, chuvas fortes e inundações serão intensificados em algumas regiões, com grandes impactos. É por isso que a OMM está comprometida com a iniciativa Alertas Prévios para Todos para salvar vidas e minimizar perdas econômicas”, disse o Prof.
O ano anterior mais quente já registrado foi 2016, devido a um “golpe duplo” de um El Niño excepcionalmente forte e das alterações climáticas.
Projeções Climáticas: Pico do El Niño entre dezembro e fevereiro
As projeções matemáticas são consistentes, mesmo avaliando diversos centros diferentes. Segundo o Bureau de Meteorologia Australiano, as condições de El Niño persistem até o outono de 2024, com o seu pico de intensidade ocorrendo entre dezembro e fevereiro, se intensificando nos meses posteriores.
Já as projeções do Centro de Previsão Climática (CPC) americano vinculado à NOAA, o comportamento é semelhante, apresentando um ganho de intensidade nos últimos meses, passando por um pico entre Dezembro e Janeiro, e na sequência indicando uma redução na intensidade do fenômeno.
Já as projeções do Centro de Previsão Climática (CPC) americano vinculado à NOAA, o comportamento é semelhante, apresentando um ganho de intensidade nos últimos meses, passando por um pico entre Dezembro e Janeiro, e na sequência indicando uma redução na intensidade do fenômeno.
Impactos na safra 23/24 e 24/25.
Até janeiro de 2024, são esperadas chuvas abaixo da média em grande parte do norte e nordeste, chuvas acima da média no Centro-Sul, e temperaturas acima da média em todas as regiões.
Podemos inferir, dado o cenário, que todo o ciclo da safra de 2023/24 terá um regime de chuvas abaixo da média nos principais produtores do Brasil, considerando Mato Grosso e os estados do MATOPIBA.
Já na região Sul, a safra de verão será afetada pelo excesso de chuvas, cenário que pode ser um complicador no momento da colheita.
Ainda de acordo com o horizonte de projeção, o plantio da safra de inverno 2024/25, deverá ocorrer sob a influência do fenômeno El Niño e com temperaturas muito acima da média, condição que pode encurtar o ciclo das culturas - com um inverno mais brando - reduzindo o potencial produtivo da safra.
A análise é do metereologista, Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete.