Edição genética melhora condições do tomate
A estratégia foi testada com arroz e tomate
Cientistas do Instituto de Genética e Biologia do Desenvolvimento (IGDB) da Academia Chinesa de Ciências, sob a liderança do professor Xu Cao, publicaram um estudo inovador na revista Cell em 13 de dezembro, que propõe uma nova estratégia para o desenvolvimento de culturas mais resistentes ao estresse térmico. A pesquisa foca em uma técnica de edição genética chamada CROCS (Climate-Resilient Optimized Carbon Allocation Strategy), que tem como objetivo melhorar o rendimento e a qualidade das culturas sob condições climáticas extremas, como altas temperaturas.
O conceito fundamental da pesquisa está na manipulação do gene CWIN, que regula a relação fonte-dreno nas plantas, ou seja, o equilíbrio entre a produção e o armazenamento de energia. Este gene é essencial para o transporte de carboidratos, como a sacarose, das folhas para os órgãos que necessitam dessa energia, como frutas e sementes. Sob condições de estresse térmico, o gene CWIN é suprimido, comprometendo esse equilíbrio e resultando em menor produção e qualidade dos frutos. Para contornar isso, os cientistas introduziram elementos reguladores sensíveis ao calor nos promotores do gene CWIN, aumentando sua atividade em temperaturas elevadas.
A estratégia foi testada com arroz e tomate. Nos experimentos realizados em condições normais, o rendimento de tomate aumentou entre 14% e 47%, enquanto o arroz apresentou um aumento de 7% a 13%. Em situações de estresse térmico, o CROCS foi ainda mais eficaz: no tomate, a produção de frutos aumentou de 26% a 33%, enquanto o arroz teve uma recuperação de até 41% nas perdas causadas pelo calor. Além disso, a qualidade dos frutos melhorou significativamente, com aumento na uniformidade e no teor de açúcar.
Essa abordagem, que também está sendo testada em outras culturas como soja, milho e trigo, é vista como uma ferramenta promissora para a criação rápida de cultivos climaticamente inteligentes. A pesquisa não apenas oferece uma solução potencial para aumentar a produtividade agrícola em face das mudanças climáticas, mas também abre caminho para um melhor entendimento das respostas das plantas ao estresse térmico, com grande impacto na segurança alimentar global.