Dólar a R$ 6,00 impulsiona preços da soja e do milho
Apesar do cenário ser mais animador agora do que no início do ano, é preciso atenção
A recente escalada do dólar, que ultrapassou a marca histórica de R$ 6,00 no final de novembro, tem sido uma força motriz na recuperação dos preços da soja e do milho, trazendo alívio aos produtores brasileiros. Dados analisados pela Veeries Vision, especializada em inteligência de mercado, apontam que o cenário, antes desanimador, apresenta sinais de retomada, impulsionado por diversos fatores além do câmbio.
No início do ano, os preços da soja e do milho enfrentaram baixas. A saca de soja chegou a ser negociada por menos de R$ 100 no mercado à vista em fevereiro, e o milho seguiu a mesma trajetória de queda. A pressão nas margens, combinada à rentabilidade reduzida, afetou investimentos e planos de expansão no setor.
No entanto, novembro trouxe o melhor desempenho de preços do ano. O câmbio elevado desempenhou papel importante, mas, conforme a Veeries Vision destaca, outros fatores também contribuíram para o otimismo entre os agricultores:
- Safra promissora: As condições climáticas favoráveis impulsionaram o potencial produtivo das lavouras de soja precoce, indicando a possibilidade de uma safra recorde no Brasil.
- Calendário favorável para o milho safrinha: O plantio dentro do período ideal reforça projeções otimistas para a próxima safra, desde que a colheita da soja não enfrente atrasos por excesso de chuvas.
- Recuperação de prêmios: A oferta e demanda doméstica mais equilibradas têm permitido uma valorização gradual tanto da soja quanto do milho.
- Custos controlados: Apesar de outros desafios, os custos com insumos e frete permaneceram estáveis, oferecendo suporte aos produtores.
Apesar da recuperação, a Veeries Vision alerta que a melhora é relativa. As margens dos produtores, atualmente abaixo da média histórica de 40%, enfrentam limitações impostas por uma superoferta global.
Nos Estados Unidos, a colheita recente atingiu cerca de 125 milhões de toneladas de soja, enquanto o Brasil, a Argentina e o Paraguai caminham para resultados igualmente robustos. Esse contexto de excesso de oferta deverá impor um teto às cotações internacionais, com impacto direto nos preços domésticos no início de 2025.
Incertezas no cenário internacional
Além das variáveis do mercado, a política internacional adiciona um componente de imprevisibilidade. A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode reabrir a guerra comercial com a China. Durante o primeiro embate, o Brasil foi beneficiado, mas um eventual Trade War 2.0 pode seguir estratégias diferentes, colocando em dúvida os impactos para os exportadores brasileiros.