Docilidade e fertilidade se transformam em um símbolo da raça Devon
Raça ganhou a simpatia dos criadores e se transformou num símbolo dos Campos de Cima da Serra
De acordo com o Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Devon, o médico veterinário Gilson Barreto Hoffmann, o número de animais com Registro Genealógico, também está em torno de 30.000 cabeças. A Associação Brasileira de Criadores de Devon, têm cadastrados como sócios, 305 criadores. Atualmente a ABCDEVON mantém duas sedes, uma em Pelotas e outra em Esteio. Também possui quatro 4 Núcleos de criadores no Rio Grande do Sul, e também está sendo criado mais um Núcleo em Lages, Santa Catarina, estado este em que a raça está em forte ascensão. No início do mês, foi realizado o 16º remate da Cabanha São Luiz, tradicional criadora de Devon no Planalto Lageano, onde foram comercializadas diversas fêmeas por valores entre R$25.000,00 e R$28.000,00, e machos por R$ 26.000,00.
Além do Rio Grande do Sul, na Bahia existe um Núcleo forte de Criadores, e produtores que utilizam o Devon nos cruzamentos industriais, além de Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul.
Docilidade facilita o manejo dos animais
Conforme Hoffmann, a raça é muito resistente e as fêmeas não apresentam problemas de fertilidade ou de parição. De acordo com o agrônomo, suporta o frio e a umidade, mantendo-se bem nas pastagens fracas e fibrosas de seu habitat. As fêmeas possuem uma excelente habilidade materna, sendo também muito prolíferas. Outra característica da Raça Devon que merece destaque, é a docilidade, fator este que facilita muito o manejo dos animais.
A raça Devon tem apresentado os animais mais pesados das últimas Expointer, sendo que em 2011, o Touro Devon de nome Sombra, pesou 1.300 Kg, sendo o recorde da Raça no Brasil. Nas feiras de terneiros e leilões, os animais Devon definido ou cruzados, tem alcançado os melhores preços, o que tem motivado muito os produtores de terneiros, na utilização da raça. Também vale lembrar que a participação da ABCDEVON na Vitrine da Carne, evento realizado anualmente durante a Expointer,com a participação de diversas raças de corte, tem dado um destaque especial a Carne Devon, pela sua maciez, suculência e excelente sabor, além de proporcionar a elaboração de cortes especiais.
Lagoa Vermelha
“Tudo isso, aliado ao excelente rendimento de carcaça, faz com que, quem cria Devon e conhece as qualidades que a raça oferece, certamente continuará trabalhando com ela. Meu avô, Amantino Barreto da Costa, proprietário da Cabanha Santa Lúcia, iniciou a criação de Devon em Lagoa Vermelha, em 1935, e hoje já somos a terceira geração criando a raça. Quando nasci, meu primeiro presente foi uma vaca Devon. Depois, meus pais criaram e educaram a nossa família, através da criação de Devon, atividade esta que mantemos até hoje na Cabanha Santa Lúcia, em André da Rocha. Também tive a oportunidade de conhecer diversos países e fazer muitas amizades em todos os lugares onde o Devon é criado”, acrescenta.
Para o criador, que dirige a Associação Brasileira de Criadores de Devon, destaca que a gestão será de completa dedicação para que esta raça que completa 100 anos em nossa região, continue a expandir-se cada vez mais por todo país”, conclui.
A raça no mundo e no RS
A Raça Devon é uma das mais antigas do Reino Unido. No Brasil foi introduzida em 1906, por Joaquim Francisco de Assis Brasil, que importou do Uruguai da Cabanha Lorraine, as primeiras 40 novilhas Devon. Em 1912, o Coronel Fermino Jacques, ganhou de seu amigo Assis Brasil, um touro da Raça Devon, o qual foi transportado de trem até Bento Gonçalves, sendo que a partir daí veio a pé até André da Rocha, na época 3º Distrito de Lagoa Vermelha.
Foram confeccionadas botas de couro, para que o touro não lesionasse as patas. Assim, em 1912 chegava o Primeiro Devon nos Campos de Cima da Serra, e hoje comemora-se os 100 anos da Raça na região. Por volta de 1930, o João Jacques, filho do Coronel Fermino, trouxe para o Campo do Meio, na época pertencente a Passo Fundo, os primeiros exemplares da Raça Devon. Em 1960, Ivo Teles Hoffmann, iniciou o primeiro plantel puro de Origem da Raça Devon, na região do Planalto.
Historia
De acordo com o agrônomo da Emater de Passo Fundo, Ilvandro Barreto Melo, o espaço que marca no calendário do tempo o intervalo entre os anos de 1912 a 2012, registra o centenário do “Gado Devon” sobre os Campos de Cima da Serra, trazido em 1906 para o Brasil, através do visionário Assis Brasil e seis anos depois pelo Coronel Firmino Jaquez, para a Fazenda do Prata, hoje, município de André da Rocha, se traduz numa das mais belas e importantes páginas da pecuária brasileira, gaúcha; e, principalmente serrana.
A origem da raça na Inglaterra remonta à época das expedições dos fenícios em busca de estanho na região de cornwall. Os “Rubis Vermelhos”, como popularmente são chamados os animais da raça, adaptaram-se tão bem nos campos nativos da serra gaúcha que sua presença e imagem contrastam com a exuberância das araucárias, pintando um cenário único de tradicional e incomparável beleza cênica.
A Raça Devon
Nestes 100 anos de convívio com a raça devon, no Rio Grande do Sul e 106 anos no Brasil, a genética da pecuária gaúcha e brasileira teve um avanço significativo, mudando e melhorando os rebanhos desses campos, que primitivamente foram formados e estabelecidos pelos jesuítas e tropeiros.
A contribuição do gado devon, viabilizou a pecuária, melhorou os índices de produtividade, qualificou os rebanhos e deu ganho de qualidade para a carne bovina.
Conforme Mello, a adaptação da raça nos campos da região, proporcionou o aumento e a disseminação da pecuária em grandes, médias e pequenas propriedades rurais, visto que a mansidão e a sua rusticidade facilitam o manejo, o que proporciona maior conforto animal, fertilidade, produtividade, precocidade e ganho de peso, tanto para criações extensivas e principalmente em confinamento.