Digitalizar a dessecação de daninhas na pós-colheita
O período de manejo de dessecação das plantas daninhas pós-colheita do milho está se aproximando
O período de manejo de dessecação das plantas daninhas pós-colheita do milho está se aproximando. Seguindo o calendário da safra verão, uma das principais recomendações está em realizar esse trabalho cerca de 30 dias antes do plantio na área, que deve ocorrer lá em fins de setembro e meados de outubro – no caso da soja.
Esse manejo é feito com aplicação de herbicidas para eliminar plantas daninhas e desempenha um papel fundamental na preparação do terreno para o próximo cultivo, pois irá determinar boa parte do sucesso da futura lavoura. A nova cultura ao germinar em terreno limpo, sem precisar concorrer por água, luz e nutrientes com as daninhas, certamente terá maior potencial para se desenvolver. Além disso, minimiza a ocorrência de pragas e doenças na fase inicial da lavoura, momento em que essas invasoras acabam se comportando como hospedeiras.
Por ser uma operação estratégica para o sucesso do próximo plantio, vemos surgir novos métodos de controle utilizando soluções digitais, desenvolvidas para melhorar a eficiência e a precisão desse processo, levando a benefícios significativos no controle das plantas daninhas e, também, na redução dos custos operacionais para o agricultor.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Esalq/USP (CEPEA) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) realizaram uma pesquisa que aponta o aumento do custo operacional da soja, comparando outubro de 2021 e outubro de 2022. Por exemplo, em Cascavel (PR), o custo por hectare de R$ 4.646,00 passou para R$ 5.304,00, e em Sorriso (MT) saiu de R$ 5.239,00 para R$ 5.724,00 - quase o dobro do valor observado até 2020, quando os custos operacionais giravam em torno de R$ 3 mil por hectare na maior parte das regiões pesquisadas. Diante disso, o incremento no resultado da economia sobre o custo operacional para o agricultor deve ser considerado, ligado diretamente às soluções digitais. As tecnologias empregadas no campo podem entregar para o agricultor diversas otimizações como exemplo já citado, no qual o processo é totalmente automático: a operação segue a linha do GPS, dispensando o trabalho manual do operador para a verificação das áreas com plantas daninhas, possibilitando que sua atenção se concentre apenas no gerenciamento da máquina.
A execução do trabalho ganha rendimento por ter menos paradas para abastecimento, resultando a cada mil hectares quatro horas em média de trabalho economizados. Um tempo precioso na atividade da fazenda que pode ser direcionado para outras operações, como manutenção preventiva no maquinário, gerenciamento do negócio ou mesmo lazer com a família. Ademais, temos disponível no mercado sistemas de aplicação de herbicidas direcionados, baseados em tecnologia digitais, que realizam pulverização seletiva apenas nas plantas daninhas, otimizando o uso de produtos químicos e reduzindo o impacto ambiental. Os sensores instalados na máquina rastreiam as plantas daninhas, um sistema inteligente que aciona a pulverização apenas quando necessário. O bico do pulverizador abre somente nos locais com a presença de plantas daninhas. Nos locais com ausência, o bico não é acionado.
Temos ainda o mapeamento digital da área que auxilia o agricultor em uma aplicação de herbicidas localizada, solução que apresentou resultado de forma direta em uma otimização média de recursos de 61%. O uso das tecnologias digitais no manejo contra plantas daninhas no pós-colheita do milho representa um avanço significativo na agricultura moderna. A adoção de práticas digitais nesse contexto traz inúmeros benefícios, desde a identificação precisa e rápida das espécies de plantas daninhas até a implementação de estratégias de controle mais eficientes e sustentáveis.
Com o auxílio de dispositivos móveis, drones e sensores, os agricultores podem realizar monitoramento remoto das áreas pós-colheita, permitindo uma avaliação detalhada da infestação de plantas invasoras. A combinação de dados e informações geradas pelas ferramentas digitais com o conhecimento dos produtores proporciona uma abordagem integrada e estratégica no controle das plantas daninhas no pós-colheita do milho, contribuindo para o aumento da produtividade e a sustentabilidade do sistema de produção agrícola.
Por: Alan Castro, coordenador Técnico do xarvio® Digital Farming Solutions, agrônomo com especialização em Proteção de Planta pelo Instituto Federal Goiano, doutorado em Agricultura Digital pelo Instituto Federal Goiano/Universidade Federal do Texas, pós-doutorado em Agricultura de Precisão pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e atualmente cursa MBA em Negócios Digitais na Esalq/USP.