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Devemos reavaliar o papel das feiras agropecuárias no Brasil?

Presidente da Acebra defende uma nova perspectiva para o setor



Foto: Julia Chagas / Seapi

As feiras agropecuárias, como a Expointer, desempenham um papel fundamental no setor rural brasileiro, funcionando como pontos de encontro, exposição de tecnologias e oportunidades de negócios. No entanto, Jerônimo Goergen, Presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), propõe uma reflexão profunda sobre a eficácia de como essas feiras são avaliadas. Segundo Goergen, a ênfase atual no volume de negócios como métrica de sucesso pode ser enganosa e prejudicial para os produtores rurais.

Goergen critica a prática comum de usar números inflacionados para destacar o sucesso de eventos como as feiras agropecuárias. "Esse tipo de prática tem consequências negativas para os produtores rurais", afirma Goergen. Ele aponta que, em vez de refletir a verdadeira prosperidade do setor, esses números podem criar uma falsa sensação de bem-estar econômico. Isso, segundo Goergen, tem consequências diretas na hora de pleitear apoio governamental.

A situação é particularmente preocupante para os produtores gaúchos, que enfrentam dificuldades devido a condições climáticas adversas, como cheias e secas. "Quando precisamos discutir com o governo a necessidade de apoio e de políticas públicas mais eficazes, como agora, quando os agricultores do Rio Grande do Sul enfrentam perdas significativas devido a cheias e secas, os números 'inflados' das feiras são utilizados contra nós", alerta Goergen. Ele defende que essa percepção errônea pode prejudicar o acesso dos agricultores a políticas públicas e apoio financeiro necessários.

Para Goergen, o sucesso de uma feira agropecuária não deve ser medido apenas pelo impacto econômico imediato, mas pelo valor que proporciona ao setor como um todo. "A realidade dos nossos agricultores é dura, marcada por desafios climáticos, econômicos e sociais. Precisamos de feiras que, além de oferecer um espaço para negócios, sirvam como plataformas para a construção de políticas públicas mais justas e que reflitam a realidade do campo. Precisamos de um debate honesto sobre o impacto real desses eventos para o agronegócio e, principalmente, para os produtores que estão na ponta, enfrentando adversidades todos os dias", argumenta.

A Expointer, uma das maiores feiras do setor no Brasil, está em uma posição única para liderar essa transformação. Goergen sugere que o evento poderia inaugurar uma nova era em que o verdadeiro valor das feiras seja reconhecido não apenas pelos números de vendas, mas pelo impacto real no agronegócio e na sociedade. "A Expointer, como um dos maiores e mais importantes eventos do setor, tem a oportunidade de ser pioneira nesse movimento, promovendo uma visão mais realista e transparente sobre a situação do agronegócio brasileiro", conclui Goergen. .

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