Demanda mundial por produtos orgânicos vem aumentando
A crescente demanda mundial por produtos orgânicos derivados de cultivos agrícolas sem o uso de agroquímicos supera a atual oferta. A busca de melhor qualidade de vida, por meio de alimentos que não ponham em risco à saúde, leva cada vez mais consumidores a preferirem produtos de origem orgânica.
Os supermercados já disponibilizam produtos orgânicos industrializados, sendo a maioria importados. Entretanto, é comum encontrar produtos orgânicos brasileiros como café, arroz, açúcar e suco de laranja.
Na Europa, a demanda por alimentos derivados de produtos orgânicos cresce 40% ao ano, segundo a International Federation of Organic Agricultural Movements. O cultivo de orgânicos passou de 250 mil hectares em 1987 para 2,9 milhões de hectares em 2000. Das 800 mil toneladas de soja importadas pelo Japão, 20% são de manejo orgânico.
A Argentina, por sua vez, se converteu no terceiro produtor mundial de alimentos orgânicos, multiplicando sua capacidade de produção de 5 mil toneladas em 1995 para 27 mil em 2000. Já o México é o maior produtor de café orgânico do mundo com 300 mil sacas por ano.
No Brasil, a produção de produtos orgâncios representa 2% do mercado de frutas, legumes e verduras. Apesar do substancial crescimento, média de 50% ao ano, estudos de mercado revelam uma defasagem de 30% a 40% entre a oferta e a demanda. Em relação às exportações, os produtos orgânicos brasileiros representam cerca de US$ 120 milhões anuais ou 1% dos negócios estabelecidos pelo país no mundo.
Dentro desse contexto, produzir trigo orgânico na região de cerrado no período de outono/inverno pode-se constituir em boa perspectiva econômica para aqueles que dispõem de pequenas estruturas de irrigação em locais acima de 500 metros de altitude no Estado de Goiás e no Distrito Federal e de 400 metros no Estado de Minas Gerais.
A produção pode ser destinada para a indústria dos chamados produtos "naturais" derivados do trigo, muito comuns nos supermercados e feiras livres. Numa perspectiva mais ampla, pode-se promover a organização de associações de produtores de trigo orgânico que, sob a orientação e certificação do órgão competente, poderá conquistar nichos de mercado para o produto em grão ou criá-los para produtos originados de seus diversos usos industriais.
Os pequenos acréscimos de custos que por ventura venham surgir são altamente compensados pela rentabilidade. Pesquisas de opção de compra, em diferentes regiões metropolitanas do país, demonstram que os consumidores estão dispostos a pagar até 30% a mais pelo produto de origem orgânica. Ademais, a saúde é o bem mais precioso de todos os atributos do homem, o que a torna impagável.
Abelardo Diaz Cánovas – Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão