A capital paranaense se transformou no centro das discussões sobre os transgênicos. Nesta quinta-feira (21-10), uma série de atividades foi realizada na cidade tendo como tema os organismos geneticamente modificados, pesquisa, produtos orgânicos e biotecnologia. Com a realização do Instituto para o Desenvolvimento Socioambiental (Idesa) e da Associação Brasileira de Sementes, o Projeto BioBrasil trouxe especialistas do setor.
Para a jornalista especializada em biotecnologia, Ruth Helena Bellinghini, os debates sobre transgênicos não podem se restringir a soja. "O que estamos assistindo é uma discussão em torno da soja da Monsanto", comenta. Ela ressalta que o Brasil planta atualmente algodão transgênico e tem pesquisas avançadas em diversas áreas da agricultura.
"Dizer que o produtor ficará refém de multinacionais é dizer que não temos capacidade de investir em pesquisa", entende a jornalista. Para ela, as variações de transgênicos que existem hoje são apenas a primeira geração. "Quem disse que não pode aparecer uma espécie de café transgênico resistente a geada. E daí, o agricultor orgânico vai migrar para essa espécie. Hoje, americanos, australianos e japoneses estudam um transgênico de trigo resistente a estiagem", explica ela.
Ruth critica ainda a demora em se aprovar um marco legal para as pesquisas e do plantio. "Tínhamos uma boa lei, de 1995, rigorosa e moderna. A demora em se aprovar uma legislação prejudica a todos. Emperra a pesquisa na Embrapa, desgasta os governos, prejudica investidores, produtores e exportadores", frisa.
Ela discorda também da forma como está se tratando a nova Lei de Biossegurança. Para a pesquisadora não se pode embaraçar pesquisas em células tronco com transgenia. Defende por outro lado, a pesquisa da biodiversidade brasileira. "Não adianta termos o maior ecossistema se não soubermos explorar. É na pesquisa que vamos gerar empregos", defende.