Darci Hartmann destaca a urgência de medidas frente às enchentes no RS
Hartmann também apontou para a necessidade de investimentos nesse processo
O presidente do Sistema OCERGS, Darci Hartmann, ressaltou a necessidade de ações imediatas diante das recentes inundações que assolaram o estado. As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul afetaram a vida de seus habitantes, com 417 dos 497 municípios sendo afetados e causando uma centena de mortes.
Hartmann enfatizou que essa situação reflete um novo normal, resultado direto do aquecimento global. Ele apontou para a necessidade de um debate profundo sobre a prevenção e soluções a longo prazo para enfrentar esses desafios climáticos. Reconheceu a limitação do poder público em lidar sozinho com essas questões e convocou a sociedade a se envolver ativamente na busca por alternativas e soluções.
Além disso, o presidente do Sistema OCERGS destacou o papel das cooperativas e de todo o governo estadual no apoio às vítimas das enchentes, tanto no aspecto de assistência imediata quanto na reconstrução das áreas afetadas. Ele ressaltou a importância de um planejamento regional, especialmente em relação às bacias hidrográficas, para uma abordagem mais eficaz na prevenção de desastres naturais.
Hartmann também apontou para a necessidade de investimentos nesse processo, enfatizando a importância de repensar modelos de atividade para garantir a sustentabilidade diante dos desafios climáticos cada vez mais intensos.
Leia a entrevista na íntegra
Portal Agrolink: Como o Sistema OCERGS enxerga o papel do poder público na prevenção de enchentes no Rio Grande do Sul e quais medidas estratégicas vocês acreditam que deveriam ser adotadas para evitar futuras catástrofes desse tipo?
Darci Hartmann: Eu acho que nós estamos vivendo um novo normal, aquecimento global, os impactos desse aquecimento global tem se manifestado em muita seca, anos perseguidos de seca, em muita chuva, com aquecimentos de chuvas totalmente fora da realidade, o poder público tem buscado muito a questão, nem tanto da prevenção, mas muito mais da questão de agora buscar soluções. Mas eu entendo que a prevenção também não é só do poder público, como o ente público não tem braço e não tem capacidade de alcançar todos os setores e ter capacidade financeira para atender todas as necessidades. A sociedade, como em si, tem que começar a buscar alternativas, criar soluções, fazer um debate muito profundo no que diz respeito, de nós buscarmos este exemplo, ser um exemplo para que no futuro nós possamos aí pelo menos minimizar tragédias se isso acontecer. E isso passa por uma discussão de localização de cidades, por conservação de solos, novos modelos, é uma discussão de todas as atividades socioeconômicas do Rio Grande do Sul.
Portal Agrolink: Além da resposta reativa às enchentes, quais ações proativas do Sistema OCERGS considera essenciais para antecipar e mitigar os impactos desses eventos naturais? Isso inclui investimentos em infraestrutura, políticas de uso do solo ou outras medidas específicas?
Darci Hartmann: Precisamos de investimentos, não só investimentos locais, nós temos que criar planos regionais principalmente em cima de bacias hidrográficas, porque o rio não é municipal, o rio não é regional, muitas vezes o rio é do estado inteiro e nós precisamos avançar nessa discussão no debate de nós começarmos a fazer essa prevenção desde o início do rio, das suas nascentes até o desembocar no oceano, então eu acho que esse é o grande desafio de nós fazermos esse trabalho e é um trabalho muito sério, muito consistente, é um trabalho que exige muitos recursos, mas acima de tudo exige também que a sociedade repense seu modelo de atuação, seu modelo de atividade para que nós possamos realmente ter condições de viver este novo. Momento que a economia mundial que o Rio Grande do Sul está vivendo, sem tantos sobressaltos, com secas, com enchentes, que nós estamos tendo nos últimos anos.
Portal Agrolink: Levando em consideração a complexidade das mudanças climáticas, como o Sistema OCERGS colabora com o poder público para desenvolver e implementar políticas de adaptação e resiliência que possam prevenir e responder eficazmente às enchentes no Rio Grande do Sul?
Darci Hartmann: Hoje nós fizemos parte de um grupo de apoio de todo o governo do Estado, onde nós ajudamos e participamos de todas as discussões estratégicas. Nós também, a nível de Brasil, nós trabalhamos com muita intensidade nessa questão do apoio a todos os flagelados, apoio à reconstrução das cidades, ao CERN através das OCRs e a todas as cooperativas do Brasil, tem feito uma corrente de solidariedade e de apoio que vai ajudar muito no que diz respeito pelo menos a mitigar o sofrimento dessas pessoas que perderam tudo, mas evidentemente que isto é o primeiro passo e o próximo passo vai ser o debate profundo da reconstrução, da reestruturação, como é que nós vamos reconstruir, como é que nós vamos reestruturar a cidade, onde é que nós vamos fazer isto, a questão das rodovias também tem que ter um debate. Debate muito forte, me parecia assim que a enchente levava algumas pontos que pareciam pontos de papel, então o processo de engenharia também tem que ser rebatido. A gente vê o exemplo do Japão quando os terremotos começaram a bater com muita intensidade, o sistema construtivo do Japão ficou totalmente diferente e hoje ele suporta terremotos com grau de muita intensidade. O processo do Rio Grande do Sul também tem que levar em conta esses extremos meteorológicos de muita seca e de muita chuva para que realmente nós possamos sobreviver, possamos continuar construindo os nossos lares, construindo as nossas casas e, acima de tudo, construindo o nosso projeto de futuro nesse estado que tanto amamos.