Biscoitos e massas são indicadores econômicos

De acordo com a TF Agroeconômica, o que estamos assistindo no mercado de trigo, farinhas e subprodutos é algo muito mais importante do que as aparências mostram. “Há uma retração bem acima do normal de toda a cadeia de produção, mesmo depois de passado o Carnaval e do retorno às aulas. Os fabricantes de massas e biscoitos se queixam de que seus produtos estão encalhados, com demanda muito retraída, pedindo para os moinhos reduzirem, reprogramarem e até cancelarem algumas comprasdefarinha”, comenta.

Biscoitos, massas, bolos e salgadinhos são vistos como itens dispensáveis pelas famílias brasileiras. Seu consumo aumenta em períodos de folga financeira e diminui durante apertos econômicos, refletindo na renda das famílias. A redução generalizada no consumo desses produtos à base de farinha de trigo pode indicar uma diminuição na renda familiar, evidenciada pelo aumento dos impostos.

“Do ponto de vista do mercado, a realidade crua é que o custo da matéria prima não baixou, mesmo com a queda dos preços do trigo argentino, que ainda chega aos moinhos acima do preço do trigo nacional. Os dados divulgados pelo USDA nesta sexta-feira foram levemente altistas e, muito em breve, iremos entrar num período de entressafra em que, historicamente, os preços sobem, tanto os do trigo nacional, quanto do trigo argentino. Então teremos custos maiores de produção/industrialização e a necessidade de reduzir preços dos produtos para poder vender”, completa.

Os compradores de farinha alegam não poder pagar mais, pois isso resultaria no aumento dos preços de seus produtos, o que afetaria suas vendas. Essa situação reflete o atual direcionamento da economia, que impacta tanto os produtores quanto os consumidores, beneficiando principalmente o estado arrecadador. Diante disso, uma possível solução seria seguir o exemplo de um moinho que optou por se reorganizar, reduzir o volume e continuar vendendo com margens.