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Crise na agricultura brasileira supera a política

A crise na agricultura no Brasil é maior que a crise política, afirmou ontem o ministro Roberto Rodrigues


A crise na agricultura no Brasil é maior que a crise política, afirmou ontem (28-07) o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), em Buenos Aires, onde participou de reunião do CAS (Conselho Agropecuário do Sul), fórum formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile. "A crise agrícola é tão grande que a política não afeta em nada. [A crise agrícola] é maior que a crise política, é anterior à crise política", declarou o ministro, que negou que o relacionamento com o Ministério da Fazenda esteja complicado devido à resistência da área econômica a liberar recursos para o setor agropecuário.

"Houve atraso na liberação de recursos, o que eventualmente afetou a rentabilidade agrícola ainda mais. O governo podia ter atuado mais rapidamente, mas não tem dinheiro", declarou. Rodrigues ainda afirmou que o governo estuda aumentar o controle da entrada de produtos como arroz e trigo da Argentina e do Uruguai no Brasil. Os produtores brasileiros vêm realizando bloqueios para impedir o ingresso de caminhões com o produto argentino, ao afirmar que as importações fazem cair o preço no mercado interno.

Segundo o ministro, uma das possibilidades é impedir o ingresso do produto nos postos em que não há balança. "Os produtores acusam o fato de que certos postos de entrada de arroz uruguaio e argentino no Brasil não têm balanças, e com isso entram caminhões afirmando na nota fiscal que tem 20 toneladas, mas na verdade têm 30, 40 toneladas. Entra muito mais arroz do que aquilo que é oficialmente dito. Com isso, o preço relaxa completamente."

De acordo com ele, os produtores gaúchos afirmam que são cinco os postos que não possuem balanças, dois argentinos e três uruguaios. "São coisas dessa natureza que precisamos estudar, até para criar um pouco de exigências adicionais", declarou, ao ressaltar que a medida tem que ser debatida com a Receita Federal.

O tema não foi discutido com os argentinos na visita, segundo ele. "Achamos que não é uma discussão para esse cenário. O assunto vem sendo discutido no âmbito do Mercosul no tema das salvaguardas. Há discussão se vamos ou não para salvaguardas. Tenho alguma dificuldade de avançar nesse tema porque penso que acaba sendo um retrocesso dentro do Mercosul", disse.

Rodrigues afirmou ainda que a queda da área plantada no Brasil por conta da crise na agricultura deve ser de no máximo 1% a 2%. "Estamos apostando mais em uma redução do padrão tecnológico. Não há como não plantar, se não os produtores não pagam suas dívidas", afirmou.

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