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Criação de cavalos: um elegante e imponente lucro



Engana-se quem pensa que criar cavalos é uma atividade esquecida, restrita a rincões distantes do País, coisa de matuto ou negócio pouco lucrativo. A atividade movimenta anualmente R$ 7,3 bilhões no País, segundo dados divulgados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) no Estudo do Complexo do Agronegócio Cavalo, último grande mapeamento do setor, publicado em 2006.

A gigante eqüinocultura vai bem, obrigado. O Estudo – encomendado pela CNA à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP) – contabiliza 641 mil empregos diretos no complexo da eqüinocultura. Esse número significa seis vezes mais que os empregos da indústria automotiva e 20 vezes mais que os da aviação civil. A soma de postos diretos e indiretos no ramo chega a 3,2 milhões.

O agronegócio cavalo é tão vasto que pode ser dividido em 25 segmentos, incluindo a produção de carne eqüina (o Brasil é o quinto maior exportador da carne). Com isso, a eqüinocultura fica ao lado de complexos como os da soja e o da carne. Para se ter uma idéia, no ano de 2005, o ramo faturou mais do que o negócio de bovinos vivos, flores e plantas, mel de abelha, trigo, cachaça, mamão e banana, ainda segundo o estudo.

A Bahia figura muito na elite desse panorama. Em segundo lugar no ranking nacional, precedido apenas por Minas Gerais (860 mil), o Estado abriga um rebanho de mais de 600 mil cabeças. Em número de eqüídeos (categoria que inclui outras espécies, como jegues, mulas, burros e asnos), a boa terra salta para o topo da lista, com 1,25 milhão de animais. O rebanho de cavalos brasileiros é o terceiro do mundo, com 5,9 milhões de cabeças. Na frente, estão México (7,9 milhões) e China (6,3 milhões).

“A eqüinocultura baiana segue a tendência nacional, com valorização do esporte e lazer. A criação de cavalos de raça, tida como hobby de milionários, é, em verdade, atividade de inclusão social e responsável por mudanças estruturais nas fazendas e no campo”, analisa Luiz Miranda, engenheiro agrônomo especialista em julgamento de cavalos da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri).

Genética – Quem vive na cidade geralmente está alheio ao mundo das vaquejadas e exposições. Temas de ponta no setor, tal qual o desenvolvimento genético (na verdade, a atividade mais lucrativa hoje), ou segmentos como o comércio e até mesmo o abate dos animais, entre outros segmentos da cadeia produtiva, são assuntos, via de regra, extremamente estranhos nas rodas de conversa da cidade.

Embora ainda seja possível ver cavalos, burros e jegues nas ruas de cidades de porte como Feira de Santana e Vitória da Conquista, o mais comum são os eqüinos restritos aos haras e às fazendas pelo interior.

O “pocotó” dos animais só se ouve, na cidade, em cavalgadas (há um circuito baiano de cavalgadas) e em exposições agropecuárias, que somam 32 no calendário da Seagri, sendo 12 com julgamentos ranqueados em nível nacional pelas associações de cavalos. Os leilões, em nível nacional, eram 133, em 1995, e saltaram para 270 em 2004, crescimento de 103%, pelos dados do Estudo CNA/Esalq.

Tanta vitalidade em torno do agronécio do cavalo, para não citar as altas cifras, tem explicação bastante humana, na ótica de Paulo Rocha, diretor da Associação dos Criadores de Cavalo Campolina da Bahia, segundo maior rebanho no Estado (cerca de 6 mil animais).

Carne – Ainda que pouco conhecido, o mercado brasileiro de carne de cavalo é um dos principais no mundo. Em 2005, os embarques somaram US$ 64,1 milhões, o que faz do País o quinto maior exportador. A produção concentra-se no Rio Grande do Sul, Paraná e em Minas. O segundo maior plantel do País está na Bahia, com mais de 600 mil cabeças. O primeiro plantel pertence a Minas Gerais.

O Frigorífico Itapetinga, sudoeste do Estado, a 509 km de Salvador, atua há 40 anos na produção e exportação de carne eqüídea, segundo site da empresa, que iniciou as suas atividades este ano, mas teve que suspender, após três meses, para normalização de equipamentos e cumprimento de novas exigências do Ministério da Agricultura. Durante o período em que esteve funcionando, abateu, em média, 80 animais por dia.

Estima-se que, em novembro, estará habilitado a exportar carne, graxas, pêlo e couro para Japão e países europeus. Com investimento inicial de R$ 7 milhões, a capacidade de abate será de 200 animais/dia.
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