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Crescimento do setor deve ser planejado



Fomentar a criação de cooperativas como forma de desenvolvimento econômico e social do País é uma das metas do próximo governo. O presidente da Cooperativa Central de Crédito Rural de Minas Gerais (Crediminas), Heli de Oliveira Penido, no entanto, vê com restrições a iniciativa já que, segundo ele, em meio ao populismo, podem surgir entidades desestruturadas e abalar a credibilidade do setor.

Ele cita o exemplo do Sistema de Cooperativas de Créditos do Brasil (Sicoob) que se estruturaram durantes vários anos e hoje são 755 cooperativas deste setor espalhadas pelo País que movimentam R$ 1,9 bilhão em operações de créditos por ano, administram patrimônio líquido da ordem de R$ 1,2 bilhão e os depósitos giram em torno de R$ 1,4 bilhão. `O setor está consolidado no Brasil, graças à credibilidade conquistada durante anos`, completa.

Somente em Minas Gerais são 99 cooperativas de crédito rural, com 154.045 associados. Juntas, elas administram patrimônio líquido da ordem de R$ 160 milhões e as operações de crédito e depósitos giram em R$ 418,9 milhões e R$ 347 milhões, respectivamente. Para Heli Penido, o presidente eleito, Luiz Inacio Lula da Silva, deve modificar as normas para impedir o surgimento de cooperativas insólidas. `Hoje, a legislação permite a abertura de cooperativas com um patrimônio líquido de, no mínimo, R$ 3 mil e com 20 associados. Contudo, esse valor não cobre nem mesmo os equipamentos necessários para sua operação, como computadores e linhas de telefone. É por isso que esta norma tem que ser mudada`, esclarece. O representante da entidade estima que essas cooperativas terão aumento de 30% no número de associados em quatro anos e, no mesmo período, irá duplicar o valor de operação e depósitos.

Penido disse que as centrais é que exercem função reguladora e fiscalizadora. `Mesmo com a vigência desta norma, as cooperativas centrais realizam estudos para verificar a viabilidade de abertura de cooperativas. A Crediminas, por exemplo, sugere patrimônio líquido inicial de R$ 500 mil, para evitar que haja falências de cooperativas recém- criadas e abalem a credibilidade de todo o sistema`, garante Penido.

Além disso, conforme Penido, outra ação necessária para desenvolver o sistema cooperativista no País é a dessegmentação do setor para que ele possa ser ampliado a toda sociedade. `O desafio é romper as amarras das cooperativas segmentadas. Temos a necessidade de cooperativas abertas a quem queira associar-se, independente de sua categoria profissional e atividade econômica`, acredita.

`As cooperativas são instituições com configuração mais adequada para os municípios mais pobres do País. Elas têm condições de atender o pequeno comerciante, assim como o agricultor e os profissionais destes locais. Além disso, ela está mais comprometida com o desenvolvimento local. Dos cinco mil municípios brasileiros, em cerca de dois mil não há agência bancária em função do alto custo de manutenção`, acredita. O custo de operação de um posto de atendimento cooperativo é até 40% mais baixo que a manutenção de uma agência.

Segundo ele, o Brasil é o único país na América Latina em que há essa segmentação no sistema cooperativista. `Com esta dimensão toda e diversificação econômica e social, é um país onde a sociedade tem participação muito pequena com o cooperativismo. Em outras nações, a desegmentação já é realidade há tempos, inclusive com cooperativas de créditos realizando atendimentos a não associados`, informa Heli Penido.

Ana Paula Machado - Belo Horizonte/MG

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