O Grupo General Meat Food, responsável pelas operações do frigorífico Swift
Armour em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, é o próximo alvo da CPI das Carnes. O ex-diretor do Grupo, Júlio César Santos, afirmou em entrevista veiculada pela Rádio Cultura de Livramento que teria sido usado como laranja do
esquema montado pela empresa.
Santos disse que o Grupo deixou uma dívida de mais de R$15 milhões com
fornecedores e que o golpe acabou lhe rendendo uma dívida com a Receita
Federal e com o INSS de mais de R$ 2 milhões.
De acordo com o presidente da CPI das Carnes, deputado Jerônimo Goergen
(PP), os responsáveis pelo Grupo General Meat Food são os mesmos que
operaram o frigorífico Castilhense, de Júlio de Castilhos. "É uma prática
comum entre eles quebrar as empresas e não pagar os produtores. Somente com
os suinocultores da região de Santa Rosa ficaram dívidas na ordem de R$ 1
milhão", destaca.
Jerônimo garante que a testemunha será intimada a depor ainda esta semana.
"Solicitaremos também cópia da entrevista concedida por Santos à emissora de
Livramento. Consideramos este depoimento fundamental para os rumos da CPI,
que está descortinando uma grande máfia de atravessadores que atua no Rio
Grande do Sul", explica.
Jerônimo garante que a CPI está próxima da quebra do sigilo bancário. "Já
temos nomes e provas de pessoas que se beneficiaram de recursos públicos
para desestruturar toda a cadeia. Estamos reunindo o maior número de
evidências para, no momento certo, quebrarmos o sigilo bancário dos
envolvidos", garante.
Na manhã desta segunda-feira (15-09), a CPI das Carnes ouviu representantes de
órgãos de defesa do consumidor. Foram ouvidos o delegado do Decon, Edison
Domingues Sares, o coordenador-geral de Análise de Infrações nos setores de
Agricultura e Indústria da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da
Justiça, Guilherme Favaro Ribas, e o coordenador do Procon, Alexandre Appel.
Appel propôs a criação de uma portaria com eficácia estadual obrigando os
fornecedores de carne a apresentar nota fiscal e informar sobre a origem do
produto. Na avaliação do deputado Jerônimo, a proposta seria um importante
mecanismo de combate à informalidade.