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CPI da Carne deve ser instalada em 10 dias


A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretende investigar a formação dos preços das carnes bovina e suína no Estado deve ser instalada em cerca de 10 dias. Ontem, o presidente da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa, deputado Jerônimo Goergen (PP), acompanhado de produtores e dirigentes de entidades, protocolou o requerimento de instalação da CPI. O documento conta com 40 assinaturas e será remetido à procuradoria da Casa para que cumpra as regras de tramitação. O prazo de funcionamento da CPI é de quatro meses, com a possibilidade de prorrogação por mais um mês. "A diferença entre o preço do quilo da carne pago ao produtor e o pago pelo consumidor no supermercado ultrapassa os 450%. Isso indica uma prática de infração à ordem econômica e teremos que investigar a relação entre produtor, indústria e varejo", justifica Goergen.

A CPI, na avaliação do presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Gilberto Moacir da Silva, representa uma alternativa para encontrar soluções para os problemas do setor. "Nossa situação é caótica. Recebemos R$ 1,35 pelo quilo do animal, enquanto pagamos R$ 1,80 para produzir". Segundo o dirigente, em alguns casos, os produtores chegam a receber apenas R$ 1,05 pelo quilo do animal. Além das questões internas, o presidente da Acsurs também aguarda para a próxima semana a retomada das exportações para a Rússia, que absorve 80% do total da carne suína exportada pelo Brasil. O país paralisou as compras em função dos focos da doença de Aujeszky, que existiram nos rebanhos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

O prefeito de Santa Rosa, Alcides Vicinni, ressalta que a crise da suinocultura está afetando a economia e o mercado de trabalho das regiões produtoras. "Desde o final do ano passado até agora, o Frigorífico Chapecó demitiu 906 pessoas. Aproximadamente 35 mil suínos na região estão passando do ponto de abate", revela.

Outro objeto da comissão será o abate clandestino de gado. De acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), o abate oficial anual é de 1 milhão de cabeças de gado, mas o consumo interno atinge 2,2 milhões de cabeças. Isso significa que o abate irregular atinge 60% do total consumido pelos gaúchos.

O Estado ainda enfrenta uma concorrência desleal com o ingresso de carne bovina do Centro-Oeste do País, onde o produto recebe fortes benefícios fiscais. "Nosso problema é mercadológico, sanitário, fazendário e policial. São quatro pontas, incluindo o abigeato, que é outra grande preocupação", analisa Goergen.

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