Cotações de trigo caíram significativamente em Chicago
No Brasil, os preços do trigo continuam recuando.
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As cotações do trigo, em Chicago, caíram bastante nesta semana, chegando a bater em US$ 5,69/bushel no dia 29/08, a mais baixa desde o dia 08/12/2020, para o primeiro mês cotado. Já o fechamento deste dia 31/08 (quinta-feira) melhorou um pouco, ficando em US$ 5,73/bushel, contra US$ 6,04 uma semana antes.
Dito isso, nos EUA, o trigo de inverno está com a colheita encerrada, enquanto o trigo de primavera, no dia 27/08, se apresentava com 54% da área colhida, contra 63% na média histórica. Das lavouras ainda a colher, 37% estavam entre boas a excelentes, 39% regulares e 24% entre ruins a muito ruins.
Por sua vez, na semana encerrada em 24/08, os EUA embarcaram 390.364 toneladas de trigo. Assim, no novo ano comercial 2023/24 o país já embarcou 4,0 milhões de toneladas, contra pouco mais de 5,1 milhões em igual período do ano anterior.
Enquanto isso, na Ucrânia se espera que a área de trigo de inverno seja mantida para 2024, apesar dos efeitos da guerra, dentre eles o fim do chamado corredor de exportação pelo Mar Negro. A Ucrânia semeou 4,1 milhões de hectares de trigo de inverno para a safra de 2023. Este trigo responde por 95% do total da produção de trigo ucraniana. Em 2023 a colheita local do cereal gerou 21,94 milhões de toneladas. Atualmente, a Ucrânia pode exportar volumes limitados por meio de pequenos portos fluviais no rio Danúbio e por sua fronteira terrestre ocidental com a União Europeia.
E na Argentina, o governo revisou suas principais perdas causadas pela seca neste último ano. O total perdido chegou a 50 milhões de toneladas de grãos, sendo 22 milhões de soja, 18 milhões de milho e entre 8 a 10 milhões de toneladas de trigo.
Por sua vez, aqui no Brasil os preços do trigo continuam recuando. A média gaúcha terminou agosto valendo R$ 63,58/saco, enquanto as principais praças locais negociam o cereal a R$ 60,00/saco. E no Paraná os preços recuaram para R$ 57,00/saco.
O paulatino avanço da colheita, a qual ganha força neste mês de setembro a partir do Paraná, não deve permitir recuperação de preços. Sobretudo porque os preços externos igualmente estão em baixa, tornando a importação mais barata. Soma-se a isso um câmbio favorável para as compras externas e maiores dificuldades para a exportação. Segundo o Cepea, até o dia 25/08 as médias mensais, em termos nominais, são as menores desde setembro de 2020 no Paraná e outubro de 2020 em São Paulo e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, a média mensal em junho já havia sido a mais baixa desde outubro de 2020.
Enquanto isso, a colheita da atual safra nacional de trigo chegou a 6,9% da área semeada, a qual engloba os Estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Enfim, a Embrapa Agropecuária Oeste (MS), em parceria com a Cooperalfa, está testando, já em fase final de validação, 17 cultivares de trigo para aumentar a produção do cereal no Mato Grosso do Sul. Além disso, outras nove cultivares da Embrapa também estão sendo avaliadas para plantio naquele Estado. O objetivo é tornar o Mato Grosso do Sul novamente forte nesse setor, como nas décadas de 1970 e 1980, quando as lavouras de trigo ocupavam cerca de 400.000 hectares. Hoje a área com trigo é de apenas 30.000 hectares. O objetivo não é substituir o milho na safrinha, mas sim melhorar o sistema de produção inserindo o trigo no plantio, que não se sustenta mais somente com o binômio soja-milho. Com manejo, local e época de plantio adequados, fala-se em produção acima de 60 sacos/hectare, como se chegou em experimentos na Embrapa Agropecuária Oeste no ano de 2022.