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Cotações da soja apresentam viés de alta em Chicago

O que esperar do mercado da soja?



Foto: Pixabay

As cotações da soja, em Chicago, apresentaram viés de alta nesta semana, puxadas especialmente por algumas pressões climáticas vindas das regiões produtoras dos  EUA. Com isso, o bushel da oleaginosa fechou a quinta-feira (24) em US$ 13,65, contra US$ 13,36 uma semana antes. Dito isso, o mercado continua muito volátil neste momento em que a safra estadunidense se aproxima da colheita. 

Em tal contexto, salienta-se que o USDA, em seu relatório do dia 20/08 sobre a  qualidade das lavouras, manteve em 59% o percentual das mesmas entre boas a excelentes. No ano passado, nesta época, elas estavam em 57%. O USDA indicou  ainda que outros 28% estavam em situação regular e 13% entre ruins a muito ruins. Na  data indicada 96% das lavouras estavam em floração e 86% na fase de formação de  vagens. 

Por outro lado, na semana encerrada em 17/08, os embarques de soja, por parte dos EUA, somaram 316.074 toneladas, atingindo um total de 51,5 milhões de toneladas no  atual ano comercial, contra mais de 56 milhões em igual período do ano anterior. 

Já a China informa que as importações de soja procedentes dos EUA caíram 63% em  julho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, enquanto as compras do Brasil aumentaram 32% no mês. Isso ocorre devido a grande oferta brasileira e preços mais baixos. Os Estados Unidos continuaram sendo o segundo maior fornecedor de soja da China, respondendo por 31,9% das importações totais de soja do país asiático nos primeiros sete meses do ano, somando um total de 19,85 milhões de toneladas (+10,8% em relação ao mesmo período do ano anterior). Enquanto isso, as importações chinesas de soja do Brasil somaram, entre janeiro e julho do corrente ano, um total de 38,9 milhões de toneladas, com alta de 12,2% sobre o mesmo período do ano anterior. Neste período, o Brasil respondeu por 62,4% das importações de soja por  parte da China. 

Em tal contexto, os importadores chineses não acreditam que, nos próximos anos, os volumes importados por parte da China devam crescer muito, com os mesmos oscilando em torno de 100 milhões de toneladas. Isso pelo fato de que a demanda interna por farelo e óleo tende a se estabilizar. Dentre os principais fatores para que a demanda do complexo soja, na China, atinja o pico, em breve, são o envelhecimento da população e o fato de os jovens chineses preferirem mais carne de frango do que carne de porco, o que impacta a demanda da ração animal. Isso coloca em xeque o aumento da produção mundial em geral, e brasileira em particular, para os próximos anos caso não se encontre novos mercados consumidores importantes. Segundo ainda os chineses, suas importações olharão especialmente o preço do produto,  independentemente da qualidade. Ou seja, o preço internacional da soja não poderá se  distanciar do que está na atualidade, sendo que a China, como maior consumidor  mundial, continuará fazendo pressão para que os mesmos baixem ao máximo possível. 

Enquanto isso,no mercado brasileiro, a semana foi ainda positiva para os preços, apesar da reacomodação das cotações em Chicago e de um câmbio que somente recuou na quarta-feira (23), para níveis ao redor de R$ 4,85 por dólar, após a proposta do arcabouço fiscal brasileira ser encaminhada para a aprovação presidencial.

Em tal contexto, a média gaúcha subiu para valores que há tempos não se via, fechando a semana em R$ 141,25/saco. Porém, as principais praças compradoras continuaram pagando R$ 137,00 pelo produto. Já nas demais regiões do país os  preços oscilaram entre R$ 113,00 e R$ 130,00/saco. Ou seja, mais uma pequena  janela se abriu para quem busca realizar uma média razoável de comercialização na  atual safra.  

Lembrando que a cada semana, nos EUA, a colheita se aproxima, devendo iniciar no  final de setembro. Além disso, importante se faz destacar que os relatórios iniciais do Pro Farmer Crop Tour (o equivalente aos nossos rallys de safras) vêm indicando  lavouras melhores do que as do ano passado naquele país. É o caso de Dakota do Sul e Ohio, por exemplo. Enfim, deve-se acompanhar o andamento do conflito entre Rússia  e Ucrânia, e a possibilidade da abertura de um novo corredor de exportações de  produtos agrícolas ucranianos.

Enfim, destaque para estudo realizado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. O mesmo aponta que o PIB total da cadeia da soja e  do biodiesel, em 2023, deve crescer 19,9% sobre 2022. “Esse desempenho reflete os  crescimentos estimados em todos os segmentos do PIB, de 6,2% para insumos, de 38,5% para a soja dentro da porteira, de 3,9% para a agroindústria e de 15,7% para os  agrosserviços. Diante disso, o valor do PIB agregado pela cadeia produtiva pode alcançar R$ 691 bilhões em 2023, representando 28,5% do PIB do agronegócio brasileiro e 6,3% do PIB total do País. Mas atenção: como normalmente tem sido, “apesar desse excelente resultado do PIB (medido por uma perspectiva de volume), devido ao comportamento desfavorável dos preços, a pesquisa ressalta que o aumento  do PIB-renda poderá ser de apenas 0,42% em 2023. Ou seja, a renda auferida pelos agentes da cadeia produtiva poderá crescer apenas 0,42% acima da inflação média do  País (medida pelo deflator do PIB nacional)”. Em outras palavras, salvo raras safras, a cadeia da soja brasileira movimenta muito dinheiro mas a sobra líquida é reduzida,  especialmente para o segmento dentro da porteira, ou seja, junto aos produtores rurais. 

A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA*

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