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Conectando o campo ao mercado de capitais: os avanços do funding agro

Oportunidades e desafios no cenário brasileiro



Foto: Tainã Donadio

Na manhã desta quarta-feira, 11 de dezembro, o talk show "A Voz do Mercado" reuniu especialistas e líderes do setor agropecuário para discutir os avanços e desafios no financiamento do agronegócio brasileiro. Realizado na sede da Fundação Instituto de Administração (FIA), em São Paulo, e transmitido ao vivo pelo canal do Portal Agrolink no YouTube, o evento trouxe à tona debates essenciais sobre a evolução de instrumentos financeiros como a Cédula de Produto Rural (CPR) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

Sob a mediação de Ivan Wedekin e Suelen Farias, o evento destacou o tema central "CPR 30 | Títulos 20 anos - A Revolução do Funding Agro". Os convidados compartilharam suas experiências e perspectivas sobre como esses instrumentos têm moldado o acesso ao crédito e impulsionado o crescimento do setor.

A CPR: um divisor de águas no agro

Roberto (Bob) Machado, ex-diretor do Banco do Brasil e idealizador da CPR, trouxe uma análise detalhada sobre a importância desse instrumento financeiro. Segundo ele, a CPR não apenas revolucionou o financiamento rural, mas também criou uma ponte vital entre o campo e o mercado de capitais.

"A CPR foi criada em um momento de escassez de recursos. Nosso objetivo era simplificar e centralizar as garantias em um único documento, permitindo ao produtor rural acessar mercados e reduzir riscos", explicou Machado. Ele ainda destacou que, ao longo dos anos, o instrumento passou a atender demandas mais complexas. "Hoje, a CPR é um ativo que se conecta diretamente ao mercado de capitais, algo impensável há 30 anos."

O papel transformador da CPR financeira

Victoria de Sá, sócia-fundadora da Vert Securitizadora, destacou a evolução da CPR para atender às necessidades de um mercado mais dinâmico. "Quando a CPR nasceu, seu foco principal era a produção. Hoje, com a introdução da CPR Financeira, conseguimos conectar o setor produtivo diretamente ao mercado de capitais, proporcionando liquidez e diversificação de investimentos", afirmou.

Ela também apontou os desafios do momento: "Precisamos avançar na regulamentação e ajustar as taxas de retorno para encontrar um equilíbrio saudável entre investidores e produtores. O FIAGRO tem grande potencial, mas ainda requer amadurecimento em termos de estrutura e transparência."

Barter e a democratização do crédito

Fernando Pimentel, sócio-diretor da Agrometrika e da Agrosecurity, ressaltou o impacto do sistema de Barter e da CPR na democratização do acesso ao crédito. "Antes da CPR, as operações de Barter enfrentavam inseguranças jurídicas e resistências de grandes tradings. Hoje, o cenário é outro: a CPR se consolidou como uma ferramenta essencial para conectar o mercado de capitais às necessidades do campo", explicou Pimentel.

Pimentel também destacou como o Barter permite maior previsibilidade para o produtor: "Com o Barter, o agricultor pode travar custos e acessar insumos de forma mais planejada, o que é essencial em tempos de incerteza climática e de mercado."

Desafios e oportunidades no funding agro

Durante o debate, os participantes discutiram questões críticas para o futuro do financiamento agropecuário. Ivan Wedekin enfatizou a necessidade de maior capacitação dos agentes financeiros: "O agronegócio tem características cíclicas que precisam ser compreendidas por quem está do outro lado da mesa de negociação. Sem essa visão, criam-se ruídos que prejudicam o fluxo de capital."

Suelen Farias complementou, destacando a importância de parcerias estratégicas: "Estamos vivenciando uma revolução no financiamento agropecuário. Instrumentos como a CPR e o FIAGRO têm sido fundamentais para fortalecer a relação entre produtores, investidores e o mercado de capitais. Precisamos continuar promovendo essa integração."

Impacto para o futuro

"A Voz do Mercado" se consolidou como um importante palco para reflexão e discussão sobre o futuro do financiamento agropecuário no Brasil. Para produtores, investidores e profissionais do setor, o evento reafirmou a importância de inovações financeiras para sustentar o crescimento e a competitividade do agronegócio brasileiro.

Como enfatizou Roberto Machado: "O futuro do funding agro está em criar soluções que sejam tão inovadoras quanto as práticas agrícolas no campo. Este é o verdadeiro espírito do agronegócio brasileiro."

Assista a edição na íntegra: clique aqui.

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