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Compras estatais elevam preços agrícolas



As compras do governo para o Programa Fome Zero estão se revertendo em melhoria de preços de alguns produtos. No milho, houve aumento de até 16% e no feijão, 18%. Com isso, alguns pontos de compra estão sendo transferidos e fala-se em mudanças de estratégia para o milho.

No mercado, também comenta-se a alta do preço do grão, nas principais regiões produtoras de safrinha, o que pode reverter em medidas diferenciadas do governo. Amanhã, os ministros Antonio Palocci Filho e Roberto Rodrigues estarão novamente negociando a liberação de recursos para o grão.

As compras começaram dia 4 de agosto, e as altas de preços foram verificadas em Rondônia, Mato Grosso do Sul e Bahia. São regiões onde o volume comercializado é pequeno, com muitos vendedores e compra concentrada. Em Rondônia, o simples anúncio fez com que o preço do feijão passasse de R$ 55 para R$ 65 a saca. Com isso, não houve necessidade de compra do governo. Desta forma, a central foi transferida para o Acre.

Em Formoso do Rio Preto (BA), a saca de milho era comercializada a patamares entre R$ 16,50 e R$ 18 antes da entrada do governo. Após três dias de compras - 75 toneladas, a valores de R$ 19 a saca - o preço subiu para R$ 21.

"Estamos conseguindo garantir renda, sem necessidade de gastar muito dinheiro", diz Arnaldo de Campos, gerente de projetos da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Sílvio Porto, diretor de Logística e Operação da Conab, diz que a reversão dos preços tem se espalhado no entorno dos municípios onde o governo federal comprou.

No caso do Sul e em Mato Grosso, onde o preço é o mais baixo do País, Porto diz que a solução não seria a compra do Fome Zero. Isso porque, no Paraná, o preço praticado no mercado está favorecendo as exportações e em Mato Grosso, além de quase não haver agricultura familiar - atendida pelo programa -, o grande problema é a falta de locais para armazenagem. Para isso, o governo está retirando 130 mil toneladas de milho exercidas dos contratos de opção, desafogando os depósitos.

Porto acredita que, com o dólar atual, o Brasil poderá exportar até 4 milhões de toneladas de milho, mas reconhece que muitos produtores não têm como esperar para exportar. "O problema maior hoje é que os produtores rurais estão precisando de dinheiro. Por isso, a solução seria prorrogar os financiamentos", afirma ele.

Contratos de opção

Para o analista Deives Farias da Silva, da FNP Consultoria, não é hora de o governo tomar uma decisão - as medidas a serem discutidas amanhã seriam contratos de opção e compra direta do governo do Centro-Oeste com entrega no Nordeste.

Ele informa que, na última semana, a alta no mercado internacional, a variação cambial e as chuvas que estão atrapalhando a colheita fizeram com que o mercado ficasse travado, refletindo-se em alta de 6% no preço, no Paraná. "Se confirmar este cenário, não haveria necessidade de intervenção, pois o excedente seria exportado", avalia. Para ele, o que o governo deveria fazer é auxiliar no escoamento do Centro-Oeste para o Nordeste.

kicker: Aquisições para o Fome Zero fazem com que mercado de milho e feijão seja estimulado

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