CI

Como os feriados impactaram o mercado da soja?

Veja a análise de mercado



Foto: Ivan Bueno/APPA

Nesta semana, onde dois feriados (na segunda-feira nos EUA e na quinta-feira no Brasil) a deixaram mais curta, as cotações da soja, em Chicago, registraram recuo. O fechamento desta quinta-feira (07), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 13,45/bushel, contra US$ 13,60 uma semana antes. Vale destacar que as cotações do farelo e do óleo igualmente recuaram, com o primeiro fechando o dia 07/09 em US$ 403,10/tonelada curta e o segundo em 63,86 centavos de dólar por libra-peso.

Por outro lado, a média do mês de agosto fechou em US$ 13,88/bushel, o que representa um recuo de 8% no valor do bushel em relação a julho. Para comparação, a média de agosto de 2022 havia sido de US$ 15,69, ou seja, quase dois dólares a menos. As baixas da semana se devem a valorização do dólar nos EUA, o qual tira competitividade do produto local; do avanço da colheita estadunidense, mesmo que em proporções pequenas ainda; e da falta de uma demanda mais consistente pelo produto estadunidense.

 Mesmo assim, vale destacar que os últimos dados chineses mostram que as importações de soja, por parte da China, teriam aumentado 31% em agosto, chegando a 9,36 milhões de toneladas, com as esmagadoras locais buscando aproveitar ainda o produto mais competitivo do Brasil. Dito isso, a qualidade das lavouras estadunidenses recuou. No dia 03/09 as lavouras de soja, nos EUA, apresentavam 53% em condições entre boas a excelentes, 30% regulares e 17% entre ruins a muito ruins. Por sua vez, na semana encerrada em 31/08, os EUA embarcaram 378.595 toneladas de soja, ficando o volume dentro das expectativas do mercado.

Com isso, no acumulado do atual ano comercial, os EUA embarcaram 52,2 milhões de toneladas, representando 8% a menos do que no mesmo período do ano passado. Enquanto isso, na União Europeia, bloco econômico formado por 27 países, houve redução na perspectiva de sua safra de oleaginosas em geral (colza, girassol e soja). A produção de colza, a principal cultura de oleaginosas do bloco, passou para 18,9 milhões de toneladas, contra 19,4 milhões do ano passado. Para o girassol, a perspectiva para a safra deste ano caiu para 10,3 milhões de toneladas, porém, ainda é cerca de 10% acima da produção de 2022.

Enfim, para a soja, a previsão de produção recuou para 2,84 milhões de toneladas, porém, cerca de 14% acima do nível do ano passado. ( E no Brasil, mesmo com o recuo em Chicago, a melhoria nos prêmios nos portos nacionais, confirmando a tendência (Paranaguá trabalha, para o restante deste ano, com prêmios entre US$ 0,50 e US$ 0,55/bushel positivos), e um câmbio que voltou para perto dos R$ 5,00/dólar (R$ 4,98 no início das atividades da sexta-feira, 08/09), manteve os preços da soja em elevação moderada.

A média gaúcha fechou a primeira semana de setembro em R$ 144,86/saco, enquanto as principais praças locais negociaram o produto a R$ 143,00. Para comparação, na mesma época do ano passado, a média gaúcha foi de R$ 173,78/saco. Ou seja, mesmo com a melhoria dos preços internos da soja, em relação ao primeiro semestre, o atual preço médio gaúcho ainda está R$ 28,92/saco abaixo do registrado um ano antes. Já nas demais praças nacionais o preço da soja pouco se alterou (no Rio Grande do Sul as altas de preço se dão pela menor oferta do produto, devido as constantes quebras de safra, inclusive na última colheita), porém, registrando viés de alta, com os mesmos girando entre R$ 114,00 e R$ 132,00/saco.

Em tal contexto, vale destacar que o Indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá subiu 1,32% no acumulado de agosto, indo para R$ 151,51/saco no dia 31/08. Já o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiu 1,4% no mesmo comparativo, a R$ 141,90/saco FOB no fechamento do mês passado. A elevação nos valores foi intensificada na última semana de agosto, devido à maior demanda, sobretudo externa. (cf. Cepea) Em paralelo, as projeções para a futura safra de soja do Brasil, a ser colhida em 2024, indicam um volume ao redor de 163,6 milhões de toneladas, com nova alta sobre a semana anterior. A área total no Brasil está projetada em 45,14 milhões de hectares, aumento de aproximadamente um milhão de hectares sobre o ano anterior. Se a previsão para o país for confirmada, o Brasil colheria 3,8% a mais do que no ano anterior, dependendo da produtividade média obviamente.

Já em Paranaguá e Antonina, o complexo soja (grão, farelo e óleo somados) movimentou, entre janeiro e julho do corrente ano um total de US$ 34 milhões por dia, em média, na exportação. Ao todo, foram embarcadas pouco mais de 13,2 milhões de toneladas. O complexo soja, nos portos paranaenses, representa 55% de todas as cargas embarcadas neste período de 2023. O grão teve como principais destinos a China, a Coreia do Sul, Bangladesh e Rússia. O óleo de soja foi principalmente para a Índia e Bangladesh, enquanto o farelo de soja se destinou especialmente para países da Europa, como Polônia, Holanda, França, Alemanha, Eslovênia e Espanha. Mais da metade (54%) da soja em grão exportada pelo porto de Paranaguá tem como principal origem o próprio Estado do Paraná, seguido pelo Mato Grosso do Sul, com 21,7%, e São Paulo, 7,3%.

O farelo embarcado por Paranaguá também é, em grande parte, proveniente do próprio Paraná, com 55% do total. Na sequência, aparece o Mato Grosso do Sul, com 16%, e Mato Grosso, 14%. Enfim, o Paraná representa cerca de 40% da origem do óleo de soja embarcado via Paranaguá. Mato Grosso (15%), Goiás (9,6%) e Mato Grosso do Sul (8%) aparecem na sequência. (cf. Camex) Por sua vez, de janeiro a julho de 2023, as exportações brasileiras do complexo soja chegaram a 87,2 milhões de toneladas, lideradas pela soja em grão (72,5 milhões de toneladas), farelo de soja (13 milhões de toneladas) e óleo de soja (1,7 milhão de toneladas). Os portos paranaenses ocupam o segundo lugar geral no segmento entre os portos brasileiros no período de janeiro a julho deste ano. Em termos de Brasil, os portos paranaenses representam 14,8% do total exportado no complexo soja nacional. Por produto, o Paraná aparece em quarto lugar na exportação de soja em grão, o segundo lugar em farelo e o primeiro lugar em óleo de soja

A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.