Como foram as exportações de café nos primeiros meses de 2023?
As exportações de café reduziram de janeiro a abril de 2023
Por Luiz Antonio Pinazza
Engenheiro Agrônomo - agronegócio e sustentabilidade
Colaboração Aline Merladete
As exportações de café reduziram de janeiro a abril de 2023, seja na receita, de US$ 3,209 bilhões para US$ 2,404 bilhões (-27,5%), e, na quantidade, de 12.656 mil sacas para 9.844 mil sacas (-22,2%), quando comparado com o mesmo período de 2022. A queda nos embarques decorreu pelo período normal de entressafra da cultura.
Em abril de 2022, de US$ 734,81, os embarques ficaram em patamares superiores ao de abril de 2023, com US$ 582,64 milhões (-20,7%). Apenas cinco países adquiriram mais de US$ 25 milhões em café brasileiro: Estados Unidos (US$ 87,12 milhões; -8,1%); Alemanha (US$ 78,31 milhões; -52,1%); Itália (US$ 53,60 milhões; -22,0%); Japão (US$ 30,94 milhões; +0,4%); e Bélgica (US$ 25,78 milhões; -68,6%).
Essa conjuntura de fraca exportação ocorre depois de duas temporadas com produções de tamanhos menores (2021 – 48,36 milhões de sacas e 2022 – 50,92 milhões). As adversidades climáticas sinistraram importantes regiões produtoras do cinturão cafeeiro nacional. Os números são da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
BRASIL: EXPORTAÇÃO DE CAFÉ. JANEIRO A ABRIL
MERCADO DE CAFÉ: EXPORTAÇÃO DE JANEIRO A ABRIL DE 2023
BAIXOS ESTOQUES DE PASSAGENS PARA 2023
É sempre bom lembrar de dois momentos recentes de recordes na cafeicultura. O primeiro na colheita de 2020 (63,08 milhões de sacas) e segundo nas exportações realizadas em 2022 (39,350 milhões de sacas), diante embarques para 122 países. Distantes do fluxo normal, os entraves logísticos tiveram de ser superados. Com a redução na disponibilidade de contêineres, foram muitas dificuldades para conseguir as reservas de espaço nos navios (os chamados bookings) e fazer as rolagens de cargas. Esses desacertos pressionaram os custos das exportações.
A colheita do café no Brasil pega de forma leve, bem preliminar, entre abril e maio, para decolar com força a partir de junho. Apesar de ser um ano bienalidade negativa, a produção se recupera em 2023 (54,73 milhões de sacas). Nas regiões que receberam chuvas em agosto e setembro de 2022, a maturação e a colheita podem ser antecipadas.
A frequência dos produtores resistirem na comercialização da produção remanescente esteve em níveis limitados neste primeiro semestre. A informação básica para o produtor fazer a tomada de decisão nos próximos deverá ser sustentada pela estabilidade do câmbio e a exígua sobra de estoque bem abaixo ao que não se assistia a muito tempo. Sem eventos surpreendentes, os fundamentos apontam para mercado de cotações firmes.
PRODUTOS SAUDÁVEIS DE RECONHECIMENTO MERECIDO
O Pacto Ecológico Europeu (Green Deal), de 2019, introduz novas regulações na União Europeia (UE), importante mercado consumidor de café. Na posição de maior produtor e exportador desse produto no mundo, cabe ao Brasil externar o sistema de governança social e ambiental (ESG, na sigla inglês) praticado pela cafeicultura nacional. Indutora da preservação ambiental e de melhoria nos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), a lavoura fomenta estratégias para a prática da rastreabilidade onde estão instaladas.
A implementação e particularidades das regras da UE servirão de referência para a evolução do comércio mundial de alimentos. Parcerias de laços estreitos com players europeus fortalecem a credibilidade qualitativa da produção do agro nacional e especial na cadeia produtiva do café, sem ficar a mercê de falsas narrativas. Marcos Antonio Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), ratifica que “nessa linha de trabalho, se contribuirá para colocar o Brasil como fonte de originação de produtos saudáveis, de reconhecimento merecido