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Como evitar a deriva?

“De 80 a 90 % dos problemas de deriva vem da combinação de ponta inadequada e condição meteorológica"



Foto: Marcel Oliveira

No ano passado o tema deriva dominou discussões, especialmente no Rio Grande do Sul, onde sojicultores e produtores de frutas entraram em um impasse. As aplicações incorretas de herbicida teriam afetado floradas e desenvolvimento de uvas, maçãs e outras culturas vizinhas das lavouras de soja. Como medida a Secretária de Agricultura do Estado publicou duas instruções normativas (INs) com regras para a aplicação de agrotóxicos hormonais, considerando os impactos causados por casos de deriva do herbicida 2,4-D. Entre elas a criação de um cadastro de aplicadores e a declaração de aplicação por parte dos produtores rurais.

A deriva é um dos principais problemas na lavoura. Causa perda de produto, perda financeira e de produtividade. Em um webinar promovido pela Corteva Agriscience, o engenheiro Agrônomo, Doutor em Tecnologia de Aplicação, Rodolfo Chechetto, esclareceu alguns dos principais pontos causadores do problema. 

“A tecnologia de aplicação passou a ganhar mais destaque nos últimos anos e existem muitos pontos a serem estudados. Aplicação errada sugere falar em perdas de qualidade na lavoura e prejuízos ao meio ambiente, menos rentabilidade, segurança alimentar”, defende.

Deriva é tudo aquilo que não atinge o alvo da aplicação e causa interferência nos mecanismos básicos da aplicação. Para cumpri seu papel o defensivo precisa ter bom desempenho com segurança. Para isso o especialista define três objetivos importantes que o produto deve cumprir:

- Atingir o alvo: o defensivo deve chegar até seu alvo, seja praga ou doença.

- Dose correta: que ela atinja 100% do alvo. Quanto mais varia a dose mais problemas de resistência.

- Cobertura adequada: se não atinjo o alvo tenho prejuízos em cobertura, grande quantidade de gostas desperdiçadas.

Como reduzir a deriva 

Chechetto define quatro pontos como os principais para evitar o problema: técnica de geração de gotas, condição meteorológica, composição da calda (concentração de defensivo e adjuvantes na calda) e as condições operacionais do pulverizador. “Nesses quesitos os dois primeiros são os mais importantes: escolher a ponta certa e o clima correto para aplicar é o que garante menor potencial de deriva”, esclarece.

Quanto ao primeiro item, o espectro de gotas, a escolha da ponta de pulverização é determinante, desde a mais fina até as mais grossas. Focando em herbicidas sistêmicos como o 2,4-D e o glifosato a recomendação é as com indução de ar (mais grossas).

“Uma pesquisa feita com produtores pela Consultoria Agroefetiva em dias de campo aponta que quase 60% (59,2%) usa duas pontas durante toda a safra para aplicar todos os produtos; 30,9% usa apenas uma ponta e 9,9% três. A mais usada é a de jato plano, que se enquadra em aplicações de fungicida e inseticida (70,7% das propriedades) e em 68% está a de jato cônico (gota fina), inadequada para herbicidas sistêmicos. Aí que se potencializa a deriva”, explica

Outro aspecto muito importante é a condição meteorológica (vento, umidade e temperatura do ar). O recomendado é temperatura menor que 30 graus, umidade relativa do ar maior que 50% e velocidade do vento entre 3 e 10 km/hora. Não se deve aplicar na ausência de vento porque quando não há vento há inversão térmica e corrente convectiva. 

“De 80 a 90 % dos problemas de deriva vem dessa combinação de ponta inadequada e condição meteorológica ruim e o resultado é uma lavoura com problemas além do meio ambiente”, finaliza.
 

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