Como alcançar o "boi China"
Tecnologia auxilia pecuarista a produzir animais mais jovens, que atendem exigência do mercado

Você já ouviu falar no “boi padrão China”? São animais com padrão que atendem aos interesses chineses. Os bois devem ser nascidos e criados em território brasileiro, ter no máximo quatro dentes incisivos permanentes, ter menos de 30 meses de idade no momento do abate, garantia de rastreabilidade, livres de doenças e restrições veterinárias.
Os chineses podem pagar até o dobro pela carne nesse padrão. Uma tecnologia desenvolvida pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Colina, interior paulista, preconiza justamente esse padrão: animais jovens e bem terminados.
É o chamado Boi 7.7.7, onde se atinge 21 arrobas em até 24 meses, quando normalmente os pecuaristas brasileiros levam três anos para produzir animais de 18 arrobas. São seguidos alguns conceitos: o animal deve alcançar sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda. Além da produção precoce, a tecnologia pode aumentar em até 30% os lucros dos pecuaristas.
O conceito tem revolucionado o modo de se produzir gado no Brasil, permitindo a redução da idade de abate dos animais e aumentando o peso de carcaça, algo interessante para os pecuaristas, frigoríficos e consumidores, por disponibilizar no mercado carne com melhor qualidade, com sabor, maciez e coloração mais atrativa para o consumidor.
Os animais mais jovens tipo exportação remuneram melhor o produtor. No primeiro quadrimestre de 2020, por exemplo, a arroba do "boi padrão China" era vendida de R$ 5 a R$ 15 a mais do que arroba de animais mais velhos. "É necessário que sejam utilizadas diversas ferramentas para atingir esse resultado. O trabalho envolve, principalmente, manejo de pasto e suplementação alimentar", explica Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador da APTA.
A dosagem da suplementação varia: quanto mais pesado o animal, maior a dosagem dos produtos. Em uma produção normal, os pecuaristas precisam de três anos para fazer o giro - período entre o início da produção até o abate. Com a tecnologia da APTA, é possível fazer um giro e meio nesse período. Essa precocidade do sistema é importante para todos os elos da cadeia de produção. Essa redução de tempo e permanência do animal no pasto aumenta em 30% os lucros dos produtores.
O conceito desenvolvido pela pesquisa paulista é adotado nas principais regiões produtoras de gado de corte do Brasil, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Pará e Rondônia.
Nossa equipe esteve na APTA para conhecer melhor o conceito.