Combate à fome é trabalho conjunto
“A gente ainda tem pouca capacidade de trabalhar em conjunto"
Mariangela Hungria, renomada cientista brasileira especializada em bioisomos na soja, ficou incomodada durante um evento do agronegócio em 2022 ao ouvir a opinião de um participante de que o setor agrícola não poderia resolver o problema da fome no Brasil, destacando apenas suas contribuições para recordes de safra e geração de empregos. Esse descontentamento levou Hungria a liderar uma equipe de 41 cientistas de 23 instituições brasileiras para demonstrar como diversas áreas da ciência podem colaborar para combater a fome no país.
“Fiquei com aquilo na cabeça e falei: eu vou estudar isso, porque não é possível que nós, do agronegócio, não podemos fazer nada para a sociedade acabar com esse problema”, afirmou durante evento de lançamento do livro Segurança “Alimentar e Nutricional: O Papel da Ciência Brasileira no Combate à Fome", nesta quinta-feira (18), em São Paulo, na Sede da Fundação Bunge. “Coloquei o desafio para que cada um dos 19 capítulos do livro terminasse com propostas efetivas para erradicarmos esse problema. É um plano de governo pronto, para qualquer representante do executivo”, afirma.
Cláudia Calais, da Fundação Bunge, e Helena Nader, presidente da ABC, ressaltaram a complexidade da fome como um problema e a importância da colaboração entre diferentes setores da sociedade para enfrentá-la. Calais destacou a necessidade de reunir ciência, setor produtivo e terceiro setor para encontrar soluções conjuntas, enquanto Nader enfatizou a importância dos investimentos em educação e ciência. Ambas destacaram a urgência de ações coordenadas para alcançar o objetivo de "fome zero e agricultura sustentável" da Agenda 2030 da ONU.
“A gente ainda tem pouca capacidade de trabalhar em conjunto, fazer o que estamos fazendo aqui hoje, reunindo ciência, setor produtivo e terceiro setor para discutir um único tema. Problemas complexos exigem soluções complexas e elas necessariamente precisam do envolvimento de mais de um. Nós, do terceiro setor, aprendemos a fazer isso muito cedo e acho que está na hora de termos isso também com os outros setores, de sentarmos juntos”, disse Calais.