Os preços da soja continuaram sua tendência de queda em fevereiro, atingindo níveis que estão 30% abaixo dos registrados no mesmo período do ano passado. Apesar dos desafios enfrentados devido aos problemas climáticos em várias regiões brasileiras e da produção nacional menor do que a estimada inicialmente, a oferta ainda superou a demanda, resultando em pressões adicionais sobre as cotações.
Segundo informações obtidas pelo Cepea, a disponibilidade de soja não está tão restrita quanto alguns especularam, e um baixo volume da oleaginosa foi comprometido com vendas antecipadas. Além disso, as expectativas apontam para as maiores produções na Argentina e no Paraguai, o que pode ajudar a compensar as perdas no Brasil.
No que diz respeito à demanda, embora as negociações tenham sido pontuais ao longo de fevereiro, a liquidez doméstica aqueceu no final do mês, incluindo tanto a soja da safra atual (2023/24) quanto a que será colhida em 2025 (temporada 2024/25).
Os indicadores de preços refletem essa tendência de baixa. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá registrou uma média de R$ 117,64 por saca de 60 kg em fevereiro, representando uma queda de 7,3% em relação a janeiro e uma queda expressiva de 29,3% em comparação com fevereiro de 2023.
No mercado de balcão (valor pago ao produtor) e no de lotes (negociações entre empresas), as cotações cederam 7,4% e 8,3%, respectivamente, em média nas regiões acompanhadas pelo Cepea. No comparativo anual, os recuos foram ainda mais significativos, alcançando 34,8% e 33,6%, respectivamente.
As negociações envolvendo o óleo de soja estiveram mais intensas na última semana de fevereiro, o que limitou o movimento de baixa nos preços observado na maior parte do mês. No entanto, a valorização do prêmio de exportação também contribuiu para evitar quedas mais acentuadas.
Em relação ao farelo de soja, a expectativa de uma demanda firme pelo óleo de soja representa um desafio para as indústrias, especialmente com o retorno da Argentina na liderança do abastecimento global deste subproduto. Consumidores domésticos adquiriram lotes de farelo de soja na expectativa de preços menores nos próximos períodos.
No contexto externo, produtores dos Estados Unidos demonstram maior interesse em cultivar soja na safra 2024/25 em detrimento do milho, o que pode impactar as cotações globais da oleaginosa.
Enquanto isso, no Brasil, a colheita de soja avançou, com a Conab relatando que 47,3% da área nacional já foi colhida até 3 de março, superando os números do ano anterior em várias regiões do país, apesar dos desafios climáticos enfrentados, especialmente na região do Matopiba.
As informações, análises conjunturais, séries estatísticas e gráficos são do Agromensal do Cepea/ESALQ.*