O Brasil já colheu 61% de sua safra de café, estimada em 32,98 milhões de sacas para 2003/04. Os trabalhos estão ligeiramente adiantados em relação à semana passada - quando 56% da colheita tinha sido feita -, e na comparação com igual período do ano anterior, quando 58% dos trabalhos tinham sido concluídos. "A colheita está indo muito bem, mas a oferta ainda é pequena porque os cafeicultores estão retendo a mercadoria, à espera de preços melhores", diz o analista Gil Barabach, da consultoria Safras & Mercados.
No sul de Minas Gerais, principal estado produtor, a saca foi negociada ontem a US$ 57, preço 58,8% maior que o praticado no ano passado, porém 45,7% inferior à média dos últimos dez anos, de US$ 105. "O cafeicultor não entende porque a safra é menor e os preços estão baixos", diz Barabach.
Por isso, a comercialização segue lenta. A Safras & Mercados estima que, no final de junho, contratos de venda antecipada via Cédula de Produto Rural (CPR) contemplaram 18% da safra, quando em 2002 atingiram 23% da produção. Na época, os negócios foram fechados entre R$ 190 e R$ 200 a saca. Em menos de 15 dias, os preços caíram quase 10%, para R$ 177 a saca, com entrega para dezembro. "O cafeicultor acha que os preços não refletem a quebra da safra brasileira", diz Barabach.
No estado de Minas Gerais, 45% da safra foi colhida, contra 39% na semana passada e 46% registrados em 2002. No Espírito Santo, líder na produção de conillon, 91% da safra foi colhida, ante 89% apurados na semana passada e 86% registrados em igual período de 2002. "A colheita do conillon, tanto no Espírito Santo quanto em Rondônia, está praticamente concluída", diz Barabach.
A Safras prevê uma produção de 32,98 milhões de sacas - 22,78 milhões de sacas de arábica e 10,20 milhões de sacas de conillon -, 34,6% menor que a apurada em 2002/03, quando a colheita chegou a 50,45 milhões de sacas. "Devemos rever o número para baixo porque os grãos colhidos são menores do que o esperado", afirma Barabach. Os maus tratos à lavoura, a redução da adubação e o clima seco na época da floração no Espírito Santo e em Minas Gerais teriam reduzido a produtividade.
Preços internacionais
No mercado internacional, os traders continuam atentos às condições climáticas para os cafezais brasileiros. Embora não haja previsão de geadas, o mercado está atento, uma vez que, no passado, as geadas raramente foram antecipadas pelos meteorologistas.
Ontem, os contratos do arábica para setembro subiram 1,93% na Coffee, Sugar & Cocoa Exchange e fecharam a 63,10 centavos de dólar por libra-peso. Contratos para julho foram negociados em alta de 1,83%, a 61,30 centavos.
As geadas no Paraná não afetaram as áreas produtoras, informa o Global Weather Services.
As exportações brasileiras de café entre os dias 1 e 10 de julho foram de 294,1 mil sacas de 60 quilos, volume 1,85% menor que as 299,7 sacas embarcadas em igual período do mês anterior, informou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).