Cigarrinha-do-milho pode acabar com 80% da produção do grão
Na última safra, a infestação aumentou quase 200%
A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), uma praga até então subestimada na última década, está causando grande preocupação entre os produtores rurais e os especialistas. Segundo dados apresentados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal, apenas na última safra, a infestação aumentou quase 200%. Relatos indicam a captura de até 400 insetos em armadilhas distribuídas nas regiões produtoras de milho. Para se ter uma ideia, apenas 15 unidades por planta já podem dizimar até 80% da lavoura.
O que mais preocupa os especialistas é o fenômeno conhecido como "ponte verde". Isso ocorre quando há presença contínua de milho em diferentes estágios de desenvolvimento, além de plantas remanescentes de safras anteriores.
Bernardo Vieira, responsável pela Área Técnica de Controle Biológico da Rovensa Next Brasil, adverte que a cigarrinha-do-milho pode percorrer de 20 a 30 km e, com o auxílio do vento, essa distância pode se multiplicar. “O controle é complexo porque falamos de uma praga dinâmica. Ela não fica no mesmo local por muito tempo e se alimenta de várias plantas num único dia. A cigarrinha que você encontra hoje é diferente daquela que você vai ver amanhã”, alerta.
Os danos à produção são causados pela sucção da seiva e pela transmissão de patógenos (molicutes - Phytoplasmas e Spiroplasma) responsáveis pelo enfezamento do milho. Sob condições ideais, o inseto completa seu ciclo de vida em apenas 24 dias, período durante o qual uma fêmea pode depositar mais de 600 ovos dentro das folhas, de acordo com informações da Embrapa, locais de difícil acesso para produtos químicos. Por este motivo, ninfas e insetos adultos tornam-se os alvos principais. Os inseticidas mais utilizados na atualidade são à base de metomil, uma molécula altamente tóxica, com baixa seletividade para insetos não-alvos, com baixíssimo poder residual e que vem perdendo eficácia ano a ano.
Para combater essa praga, os produtores estão adotando biossoluções aprovadas pelo Ministério da Agricultura, que são eficazes no controle da cigarrinha e seguras para o consumo do cereal e para os insetos polinizadores. Produtos como PREV-AM, à base de óleos naturais extraídos da casca de laranja, e BOVENEXT, que promove efeito residual, estão sendo utilizados.
Confira dicas importantes para o controle da cigarrinha-do-milho:
1 – Diferente de outras pragas, como o bicudo-do-algodoeiro, não há parâmetro de número mínimo de cigarrinhas para iniciar o tratamento. Se tem presença do inseto, é necessário iniciar o controle imediatamente, principalmente nos estágios iniciais da planta.
2 – Faça uso de produtos com diferentes modos de ação. PREV-AM e BOVENEXT, por exemplo, possuem sinergia para quebrar o ciclo de desenvolvimento da cigarrinha - atuando tanto em ninfas quanto em adultos - e ainda se tem observado efeito em outras pragas importantes do milho, principalmente nos estágios iniciais.
3 – Um bom adjuvante responde por 50% ou mais pela eficiência da aplicação, uma vez que a maioria dos produtos agem por contato. WETCIT, por exemplo, possui propriedades orgânicas que aceleram a velocidade de absorção. Vale lembrar ainda a importância de respeitar as condições de temperatura e vento para evitar a deriva do produto.
4 – Faça manejo integrado - Mesmo os híbridos de milho tolerantes são infectados pelo enfezamento do milho, então, faça o plantio na época certa e utilize de todas as ferramentas disponíveis.
5 – E por último, mas não menos importante, controle a ponte verde. Garanta uma boa colheita e promova a dessecação das plantas remanescentes e tigueras.