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Cigarrinha aumenta em 984% uso de inseticidas

Complexo de enfezamento foi encontrado em todas regiões do Paraná



Foto: Marcel Oliveira

O complexo de enfezamento do milho impacta a safra 2020/21 no Paraná, segundo maior produtor nacional. A cigarrinha (Dalbulus maidis) é considerada uma ameaça à segunda safra. De acordo com o sistema Faep/Senar a performance histórica da safra 2019/20, quando o Estado colheu 15,5 milhões de toneladas do cereal, pode não se repetir na temporada atual.  Cerca de 86,7% da cultura está concentrada na segunda safra.

Os prejuízos em lavouras paranaenses, decorrentes do complexo de enfezamento, têm sido observados a partir da safra de 2018/2019, principalmente na região Oeste. Os enfezamentos são doenças causadas por bactérias da classe mollicutes, o enfezamento vermelho (Candidatus phytoplasma) e o enfezamento pálido (Spiroplasma kunkelii), além do vírus da risca do milho (Mayse Rayado Fino Virus), que infectam as plantas de forma sistêmica e são transmitidos de plantas infectadas para plantas sadias pela cigarrinha Dalbulus maidis.

O inseto tem grande potencial de dispersão e pode adquirir e inocular patógenos com apenas algumas horas de alimentação no milho. O complexo de enfezamento, associado ao quebramento de colmos, pode provocar perdas de até 100 % na produtividade do milho, quando cultivares altamente suscetíveis são utilizadas. 

Na safra de 2020/2021, o IDR-Paraná e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) realizaram um levantamento da ocorrência da cigarrinha e complexo de enfezamento no milho cultivado na primeira safra, entre novembro e dezembro de 2020, por meio da coleta de insetos, plantas espontâneas (milho tigüera) e milho cultivado, totalizando 200 pontos amostrais em 50 municípios, distribuídos em todas as regiões produtoras de milho do Estado. Foi constatado que a cigarrinha estava presente em 48% dos municípios amostrados, sendo encontrada em todas as regiões avaliadas. 

Outro levantamento, realizado pela Adapar em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, com a coleta de 64 amostras de plantas de milho no mês de novembro de 2020, resultaram em 40% das amostras com a presença de enfezamento pálido, e em menor incidência a presença do enfezamento vermelho. 

A ocorrência de cigarrinhas e do complexo de enfezamento do milho foi observada em todas as regiões produtoras de milho do Estado, na primeira safra de 2020/2021, fato este não observado em safras anteriores. 

Nas últimas safras também foi observado um aumento expressivo de 984% no uso de inseticidas especialmente para o alvo biológico Dalbulus maidis, comprovando a presença massiva desse inseto no campo e a intenção dos agricultores e dos responsáveis técnicos, no controle do inseto vetor. Porém, o controle da cigarrinha, com repetidas aplicações de inseticidas, não demonstrou resultados satisfatórios em relação ao complexo de enfezamento. Isso deve-se ao fato de que as infestações das cigarrinhas ocorrem em fluxos espaçados, e que as pulverizações podem reduzir as populações, mas não conseguem impedir a transmissão das doenças. 

O manejo integrado do complexo de enfezamento requer a adoção de diversas estratégias, especialmente:

- Eliminação de plantas espontâneas (milho tigüera), a fim de evitar a “ponte verde” entre plantas doentes e plantas sadias;

-Sincronização do período de semeadura do milho ao nível de propriedade rural e regiões, evitando a coexistência de plantas em diferentes estádios de desenvolvimento, que também caracteriza a “ponte verde”; uso de cultivares de milho que apresentem maior tolerância ao complexo de enfezamento, sendo essa a estratégia mais eficiente;

- Tratamento de sementes com inseticidas, visando reduzir a incidência de cigarrinhas na fase inicial do milho;

- Controle químico com inseticidas via pulverizações, quando existir alta incidência da cigarrinha e histórico de enfezamento no local ou região, somente nos estádios iniciais do desenvolvimento da planta.
 

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