Chuvas no RS: Produtor deve ter prejuízos acima de 50% nas lavouras de soja
RS registra estragos em função das chuvas
O Rio Grande do Sul vem registrando fortes temporais. Até as 8h da manhã desta terça-feira (30/4), que 65 municípios do RS reportaram danos ou ocorrências devido às chuvas intensas. Foram registrados vendavais, descargas elétricas, movimentos de massa, queda de granizo, alagamentos em áreas urbanas e transbordamento de córregos, arroios e rios em diversas localidades.
E com isso, a temporada de colheita no Rio Grande do Sul traz uma série de desafios para os produtores, com destaque para a preocupação em relação à safra de soja na região.
Emerson Peres, engenheiro agrônomo e produtor rural de Camaquã, no Rio Grande do Sul, compartilhou sua preocupação em relação com a safra de soja na região. Ele destaca que, na várzea, a plantação da soja ocorreu um pouco mais tarde em comparação com outras áreas, como o centro-norte, resultando em um atraso na colheita.
Peres relata que em sua própria lavoura, apenas 50% da área de soja foi colhida até o momento, e na região em geral ainda há uma quantidade significativa de soja para ser colhida. No entanto, a persistência do clima quente está levando à germinação prematura dos grãos dentro das vagens, resultando em perdas de qualidade e prejuízos financeiros para os produtores. Com a previsão de chuvas para os próximos sete dias, a situação se agrava, aumentando a incerteza sobre o impacto total desse problema nas colheitas da região.
Franquiéle Bonilha da Silva, doutora em Ciência do Solo, destacou os desafios enfrentados pelos produtores durante a colheita devido à ocorrência de chuvas. Ela ressaltou que a umidade excessiva durante a colheita compromete a qualidade dos grãos, tornando-os suscetíveis ao ataque de doenças fúngicas, resultando em mofo, fermentação e aumento na quantidade de grãos ardidos. Além disso, a germinação prematura dos grãos dentro das vagens e a abertura das mesmas devido à chuva, ventos ou granizo, representam perdas para os produtores. Mesmo após o término das chuvas, a entrada das máquinas na lavoura é adiada devido aos problemas operacionais causados pela umidade, como o embuchamento das máquinas e a patinagem dos tratores, o que impacta tanto na produtividade quanto no valor de mercado do produto. Esses desafios somam-se, resultando em prejuízos consideráveis para os agricultores.
Segundo o meteorologista do Portal Agrolink, Gabriel Rodrigues, um sistema frontal está estacionado sobre o Rio Grande do Sul, recebendo um grande influxo de umidade e ar quente da região amazônica, impulsionado pelos Jatos de Baixos Níveis. Essa combinação, junto com outras instabilidades atmosféricas, está propiciando a formação de nuvens de tempestade, criando um cenário de alerta para o estado gaúcho, com possibilidade de queda de granizo e ventos com rajadas superiores a 100 km/h, categorizados como vento destrutivo pela meteorologia.
As chuvas intensas e volumosas resultantes desse padrão climático têm impactado as operações de colheita no noroeste do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina, especialmente na colheita da soja, enquanto a do arroz tem sido menos afetada nesta semana. Além disso, outras atividades agrícolas, como a colheita do feijão e do milho de verão, também estão suscetíveis a prejuízos devido às condições climáticas desfavoráveis.