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Chuva antecipa plantio de milho no Paraná

Pela primeira vez em três anos, no início de 2007 fortes chuvas substituirão a estiagem nos meses de janeiro e fevereiro



A cinco centímetros do chão da Fazenda Japurá, distante 18 quilômetros de Astorga (PR), o trator pilotado por Valdir Franco distribuiu, na segunda-feira (18-09), mais sementes de milho pela terra-roxa.

Desde a semana passada, ele deu conta de 20 alqueires e estima concluir outros 20 com variedade híbrida no máximo em mais oito dias. Com as chuvas, diversos agricultores anteciparam o plantio da safra de verão, que fariam só a partir de outubro.

Na safra 2005-2006, o milho ocupou 15,2 mil hectares da área cultivada (4,5% do total) em 29 municípios do Núcleo Regional da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SEAB). Rendeu uma safra de 93,2 mil toneladas e alcançou produtividade de 6,12 quilos por hectare, uma das melhores da década.

Um clima favorável deverá propiciar fase áurea para a cultura, previu, ontem, o dono da Fazenda Japurá, Ademir Primon, "Com as chuvas da semana passada e as próximas, o milho tem água suficiente para germinar, crescer e chegar bem à fase do espigamento", ele comentou.

Pela primeira vez em três anos (2004, 2005 e 2006), no início de 2007 fortes chuvas substituirão a estiagem nos meses de janeiro e fevereiro. Essa inversão climática irá impedir quebras de produção e qualidade.

Primon encomendou um pormenorizado estudo à meteorologista Ana Lúcia Frony de Macedo, da Climatempo. Segundo ela, entre outubro deste ano e fevereiro de 2007, terá chovido mais de mil milímetros na região. Em janeiro, perto dos dias 10 e 15, frentes frias poderão provocar chuva acima da média. Novos temporais estão previstos para o período entre o dia 1º e seis, e de 11 a 18. "Pode chover mais que o normal histórico", disse Ana Lúcia.

Acostumado com a soja, depois de seis anos, o agricultor Primon decidiu formar 40 alqueires só de milho, na fazenda de 97 alqueires. Seu ânimo cresceu, depois de colher a média de 375 sacos por alqueire, na safrinha. "Mesmo com a seca de 45 dias", ele assinalou.

Tanto ele acredita no futuro do milho, que decidiu também investir num pivô central de irrigação, cuja instalação será concluída até o início de 2007. E com o incentivo governamental aoPrograma do Biodiesel, vê o barateamento da cultura: "Atualmente, na soma geral dos investimentos, um dia de trator custa até R$ 150 de óleo diesel, muito mais que os fertilizantes, que estão com os preços mais baixos", disse.

Área de plantio será maior

Ângulo, Atalaia, Astorga, Doutor Camargo, Floraí, Iguaraçu, Itambé, Ivatuba, São Jorge do Ivaí, Maringá, Marialva e Paiçandu vão plantar muito mais milho nesta safra de verão que em anos anteriores, previu o engenheiro-agrônomo Edson Rocha da Silva, da Ferraria Zagatto & Cia. Ltda. "O crescimento deve ser bem significativo", ele disse.

O milho tem fundamental importância na avicultura, suinocultura, pecuária e indústria. Mais de 60% da safra são consumidos na criação animal e na indústria de transformação, e o restante, naspropriedades rurais.

Entre as variedades de ciclo precoce, recomendadas e adquiridas no mercado regional, estão a Penta, Syngenta, Maximus, Premium Flex , Impacto, 2C599, 2B587 e 588. Estas duas últimas já têm campos experimentais na região.

Para o técnico Alain Zola, da Emater em Ivatuba, as chuvas de oito milímetros no município não corresponderam à expectativa. Mas os produtores que começaram o plantio já contam com as chuvas desta semana para semear todos os 150 alqueires de área desse grão.

"São poucos, uns três, mas todos dispõem de alta tecnologia", disse o técnico. Zola lembrou também que a altitude de Ivatuba, de 340 metros, é 200 m abaixo que a de Maringá, por isso, o milho de inverno obtém maior sucesso no município, numa média de 400 sacos por alqueire.

Meteorologia prevê chuvas

Entre o mês de outubro e dezembro deste ano, o índice pluviométrico na região deverá alcançar 700 milímetros (mm). Entre janeiro e fevereiro do próximo ano, terá chovido 430 mm, previu, no início de agosto, a meteorologista Ana Lúcia Frony de Macedo.

Segundo ela, nos dias 25 e 31 de outubro próximo, podem passar frentes frias com chuva leve. Isso significa que deve chover acima da média, mas o tempo nublado pode causar temperaturas abaixo do normal. Em novembro, nuvens tropicais devem cobrir o oeste do Paraná até o dia 10, e, com frentes frias que podem passar em torno dos dias 1º, cinco e dez, provocarão chuvas. Depois do dia 11, uma massa de ar frio e mais seco deve cobrir a região, mantendo o tempo aberto, com temperaturas em elevação até o dia 25 quando o calor contribuirá para a ocorrência de chuvas de fim de tarde.

Dezembro terá uma frente fria por volta do dia sete. Depois, disso, uma massa de ar mais seco deve cobrir o oeste do estado. O tempo deve ficar aberto até o dia 11, quando voltará a chover.

Outra frente, somada às áreas de instabilidade, pode deixar o tempo chuvoso entre os dias 13 e 15. "Os dias de sol com pancadas de chuva de fim de tarde devem predominar até o dia 28 de dezembro. Vagarosamente, nova frente fria poderá passar entre os dias 29 e 31, deixando o tempo chuvoso,mais que o normal.

Área plantada

O Paraná cultivou 1,46 milhão de hectares de milho e colheu 7,22 milhões de toneladas. Na região agrícola de Maringá, até a safra atual, o milho ocupou 15.250 hectares (ha), ou seja, 4,5% do total de 343.652 hectares cultivados em 29 municípios.

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