China domina mercado de insumos agrícolas
A possível política comercial de Donald Trump pode gerar reflexos no Brasil
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De acordo com Jeferson Souza, analista da Agrinvest Commodities, a China tem desempenhado um papel crucial no fornecimento de insumos agrícolas para o Brasil. Nos últimos anos, o gigante asiático ampliou sua produção de sulfato de amônio em aproximadamente 150% entre 2018 e 2023, beneficiando diretamente o mercado brasileiro. No entanto, em relação aos fertilizantes fosfatados, ainda há incertezas quanto à postura da China, o que mantém o cenário de oferta e demanda global de fósforo indefinido.
No setor de defensivos agrícolas, a dominância chinesa também é evidente. Segundo os primeiros dados de 2025, 100% do glufosinato importado pelo Brasil em janeiro veio da China, assim como o Picloram e o Clorotalonil. Para o glifosato, produto essencial para os agricultores, 85% têm origem chinesa, enquanto o acefato representa 78%. Diante dessa dependência, torna-se impossível analisar o mercado sem considerar as movimentações chinesas.
Além do impacto chinês, a possível política comercial de Donald Trump pode gerar reflexos no Brasil. Um dos pontos de atenção é a questão da reciprocidade tarifária nos EUA. Atualmente, os Estados Unidos aplicam uma tarifa de 2,5% sobre o etanol importado, enquanto o Brasil impõe uma taxa de 18% sobre o etanol americano. Esse descompasso resultou em um desequilíbrio comercial: em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, mas exportaram apenas US$ 52 milhões para o mercado brasileiro. Caso Trump implemente medidas mais rígidas, a guerra comercial pode afetar diretamente as exportações brasileiras.