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Cerrado é destruído pela monocultura da soja e agricultura mecanizada



Estudo da ONG Conservação Internacional aponta 34 regiões, que abrigam grande biodiversidade, ameaçadas em todo o planeta. No Brasil, áreas de Mata Atlântica e de Cerrado correm risco. Monocultura da soja e agricultura mecanizada estão entre fatores de destruição.

A Mata Atlântica e o Cerrado estão desaparecendo no Brasil. Desde o descobrimento do Brasil, cerca de 92% da vegetação da Mata Atlântica foi destruída. No caso do Cerrado, que começou a ser ocupado nas últimas décadas, a destruição é ainda mais rápida, restando hoje apenas 22% da cobertura original. Esses dados foram divulgados no dia 2 de fevereiro pela organização não-governamental Conservação Internacional (CI).

Segundo o pesquisador Mario Barroso, gerente da CI, a monocultura da soja, as plantações de algodão e milho e a agricultura mecanizada como um todo são os principais fatores responsáveis pela destruição do Cerrado. As áreas mais ameaçadas, segundo o estudo da entidade, estão no sul do Maranhão e do Piauí e no oeste da Bahia.

O levantamento da Conservação Internacional aponta que a situação da Mata Atlântica apresentou uma pequena melhora nos últimos anos, com a redução da pressão de atividades econômicas sobre territórios preservados. O ritmo de destruição é maior no Cerrado com o avanço desenfreado do agronegócio em várias regiões do país. Os dois ecossistemas brasileiros integram uma lista de 34 ambientes mundiais ameaçados de extinção. A ocupação territorial do Cerrado, observou ainda Barroso, está muito alta com um sério comprometimento dos recursos aquáticos.

Na avaliação do pesquisador da CI, a solução para reverter este quadro é a proibição por completo da atividade agrícola na região, algo que é praticamente difícil de acontecer. Segundo ele, se o Código Florestal fosse cumprido – que prevê os 20% mínimos de área destinada para a reserva legal – seria possível conciliar preservação com produção. No entanto, isso não vem ocorrendo. Até alguns parques estão sendo ocupados por agricultores.

A situação dos 34 ambientes mundiais ameaçados de extinção será divulgada em um livro que deve ser lançado ainda no primeiro semestre no Brasil. A nova lista tem nove regiões a mais do que aquela divulgada em 1999. A maioria das novas áreas ameaçadas está localizada na Ásia e na África. O estudo reuniu mais 400 especialistas de vários países e levou quatro anos para cair pronto, trazendo, entre outras novidades, o detalhamento da fauna e da flora de cada uma dessas regiões. No continente americano, a região que passou a integrar a zona de risco é a floresta de Pinho-Encino, de Sierra Madre, localizada entre o México e os Estados Unidos.

A situação da Mata Atlântica é uma das mais críticas do mundo, restando apenas 8% de sua cobertura original. O presidente da Conservação Internacional e co-autor do livro que será publicado no Brasil, Russell Mittermeier, diz que os “hotspots” são como pronto-socorros da biodiversidade. A idéia é que, através de investimentos na conservação destas áreas, pode-se garantir a sobrevivência de uma significativa parcela da biodiversidade do planeta. As principais ameaças a estas áreas hoje incluem a destruição de habitats, a introdução de espécies exóticas, a exploração descontrolada de espécies para a produção de alimentos e remédios, o tráfico de animais e mudanças climáticas.

As 5 áreas da América do Sul incluídas no estudo da CI são as seguintes:

1. Andes Tropicais ;

2. Tumbes-Chocó-Magdalena (Panamá, Colômbia, Equador, Peru);

3. Mata Atlântica (Brasil, Paraguai, Argentina);

4. Cerrado (Brasil) ;

5. Chile Central – Florestas Valdivias.

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