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Cerca de 43,5% da safrinha ficou fora da janela

O plantio tardio deixa as lavouras mais expostas às condições climáticas menos favoráveis



Foto: Pixabay

A segunda safra de milho, a de maior importância para o grão no Brasil, está ameaçada. Inicialmente com uma previsão acima de 82,6 milhões de sacas projetadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso porque os dois maiores estados produtores, Mato Grosso e Paraná, enfrentam problemas especialmente pelo plantio fora da janela indicada pelo zoneamento de risco climático.

VEJA: Safrinha de milho deve ser menor

Segundo um levantamento realizado pela Geosys Brasil, empresa que desenvolve soluções para agricultura a partir de dados de imagens de satélite e modelos meteorológicos, mostra que, no Mato Grosso, 43,5% das áreas de milho safrinha foram semeadas em março, sendo que a semeadura de 38,7% ocorreu na segunda quinzena de março, ou seja, fora do período recomendado para o plantio. No Estado, até o fim de fevereiro, quando se encerra a janela ideal de plantio, 56,5% tinham sido semeadas contra 92% na comparação com o mesmo período da safra passada. Mesmo com o atraso, o desenvolvimento das lavouras tem ocorrido de maneira satisfatória nas regiões avaliadas.

Também foram analisadas áreas distribuídas em seis estados produtores de milho (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná) no final de março, com objetivo de verificar a situação das lavouras de segunda safra e antecipar possíveis complicações.

Goiás e Mato Grosso do Sul também atrasaram o plantio do milho safrinha, sendo que 31,1% e 68,4% das lavouras, respectivamente, foram semeadas em março. Nas lavouras sul-matogrossenses, até o final de março, em  65% das áreas analisadas, a emergência não havia sido detectada. Na média de todas as áreas analisadas nos seis estados, em 43,9% a emergência não havia sido detectada até o fim do último mês.

A germinação e emergência do milho podem atrasar caso a temperatura e a umidade do solo sejam baixas e a previsão é de que ambos os indicadores continuem abaixo da média pelo menos até meados da segunda quinzena de abril. Apenas no Mato Grosso do Sul e Oeste do Paraná, as temperaturas devem ficar acima da média, porém a umidade do solo deve permanecer em baixo patamar, segundo o analista da Geosys, Felippe Reis.

Já no Paraná, 58,6% do plantio da área do milho safrinha ocorreu na segunda quinzena de março. Os registros da pesquisa mostraram que até fevereiro, no Paraná, apenas 38% das áreas analisadas haviam sido semeadas. Para comparação, no mesmo período do ano anterior, segundo a Conab, cerca de 61% da área estava plantada.

Além do atraso no plantio da safrinha, outro ponto que preocupa no Paraná são as condições das lavouras no início da safra. O índice de vegetação está no menor patamar dos últimos anos, o que indica que as lavouras estão em condições insatisfatórias, pelo menos por enquanto. A umidade do solo está em nível abaixo do registrado na safra de 2020, ano em que a produtividade foi 12% abaixo da tendência. Na safra atual, a umidade do solo é a menor registrada dos últimos 30 anos, e essa situação tem colaborado com o resultado desfavorável até o momento. Por meio da análise dos dados, verificou-se que, em 73,2% das áreas, o plantio do milho nesta safra ocorreu com a umidade do solo abaixo da média.

Juntos, Mato Grosso e Paraná, representam 61% da produção nacional de milho safrinha, e a estimativa de produção da Geosys é de 48,72 milhões de toneladas para a safra 2020/2021. Com o plantio tardio do milho na safra 2020/2021, as lavouras estarão mais expostas às condições climáticas menos favoráveis, como menor radiação solar, menor precipitação e maior possibilidade de geadas.
 
 

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