Cana e inovações: O futuro da bioenergia
Indústria 4.0 está sendo implementada
Durante o 7º Seminário UDOP de Inovações, Cristiano Azeredo, Diretor Industrial da Atvos, destacou os desafios e avanços na produtividade industrial do setor de bioenergia. Em entrevista ao canal da UDOP, Azeredo enfatizou que a inovação é essencial para enfrentar as transformações da transição energética, ressaltando a importância de tecnologias como IoT, Big Data e inteligência artificial na melhoria dos indicadores industriais.
Segundo ele, a Atvos iniciou há sete anos um plano diretor de automação, implementando plataformas da Indústria 4.0 em uma planta piloto localizada em Conquista do Pontal, São Paulo. A partir dessa experiência, a empresa trabalha para replicar essas soluções em outras unidades, estruturando o avanço em pilares como planejamento, manutenção preditiva e análises laboratoriais online.
Azeredo também discutiu os impactos da safra de 2024, marcada por um estresse hídrico severo e queimadas descontroladas, que afetaram a qualidade da matéria-prima e a eficiência industrial. Ele destacou que a cana com baixa umidade e alta deterioração exigiu ajustes no processamento e sinergia entre as áreas agrícola e industrial. Ele ainda lembrou que a integração entre os setores é hoje uma prática consolidada nos grandes grupos, o que contrasta com antigas rivalidades entre as áreas agronômica e industrial.
“A gente teve um ano muito atípico para toda a região, para todo o setor. Uma cana com uma umidade muito baixa, uma cana muito estressada, seca. Então, muda um pouco o perfil dessa matéria-prima que entrou. A gente, com as tecnologias que nós temos em algumas plantas, quando se pensa em manutenção avançada, não traz tanto efeito diretamente nessa questão da qualidade da cana”, comentou.
Um dos desafios enfrentados foi a necessidade de processar cana queimada, com impactos na estabilidade operacional. A solução envolveu limitar a proporção desse tipo de matéria-prima e utilizar ferramentas de análise preditiva para atenuar os prejuízos. Azeredo destacou que a experiência acumulada e o uso de tecnologias avançadas foram cruciais para minimizar as perdas e manter a operação em níveis adequados, mesmo em um ano atípico.
“Sem contar a seca, principalmente na região norte, que deixou a cana muito estressada. Então isso traz um problema pessoalmente para a extração, mas a gente usou as ferramentas de melhora de ingestão para mitigar os efeitos, sem nenhum desequilíbrio com a área agrícola”, conclui.