Os cafeicultores de Minas Gerais darão importante impulso na implantação do novo Programa de Qualidade do café proposto pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), com respaldo do Ministério da Agricultura, em discussão no Congresso Nacional neste mês. A expectativa do setor é que o novo programa da Abic agregue valor ao produto, principalmente no mercado externo, amplie a colheita até 2005, além de diminuir a falsificação de marcas.
Dos atuais 853 municípios, 600 são produtores de café, o que faz do estado responsável por cerca de 50% da produção nacional. "Os cafeicultores mineiros darão importante rumo ao programa e terão papel fundamental para que o estado produza 16 milhões de sacas em 2005, o que irá impulsionar a produção nacional", disse Nathan Herszkowicz, membro da Abic. Em 2002, ano de recorde de safra, Minas colheu 13,5 milhões de sacas.
Para sustentar o Programa de Qualidade, haverá um órgão auditor credenciado pelo Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – a ser escolhido, que fará testes através da língua eletrônica e provadores especializados dando parecer do nível de qualidade da indústria.
Apesar do mercado mineiro acusar uma retração de 18% no consumo de café, os investimentos na melhoria de qualidade não cairão. A intenção agora é direcionar a produção para um aumento do consumo interno.
Além do selo de pureza da Abic, que garante 99% de café puro, os produtores implantarão o selo de qualidade, o que dará maior valor ao produto. "Além de atestar a qualidade do café, o selo facilitará a indústria a mostrar por que ela vale mais e, assim, agregará maior valor ao produto" afirma o diretor de marketing da Abic, Sidney de Paiva.
Um dos assuntos de consenso entre os torrefadores é a educação do consumidor. Para eles, o café para consumo interno está sendo trocado por produtos lácteos com preços menores. "Isso se deve à percepção desse consumidor, que não quer comprar café com baixa qualidade e de preço elevado. Atualmente, existem cafés que vem misturados com milho e centeio só para render mais", observa Pedro Alcântara, proprietário do Café Santa Clara. "Precisamos mostrar que um litro de café sai mais barato que um achocolatados ou iogurtes na mesma quantidade".