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Café arábica brasileiro emite menos carbono

Estudo comparou grãos da bebida brasileira com os concorrentes colombianos



Foto: Pixabay

A grande importância do café arábica, alimento mais consumido no Brasil, motivou os cientistas da Embrapa a estudarem o seu sistema de produção agrícola, de forma a estimar a sua pegada de carbono e o seu perfil ambiental. Eles constataram que o quilo de café brasileiro emite menos gases de efeito estufa que um dos seus principais produtos concorrentes, o café colombiano. 

Por meio da parceria com a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) e apoio de especialistas na cultura, as equipes da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e da Embrapa Café (Brasília, DF) caracterizaram os principais sistemas de produção nas principais regiões brasileiras: Mogiana Paulista, Cerrado Mineiro e Sul de Minas, construindo seus Inventários do Ciclo de Vida (ICVs), constatando que a pegada de carbono do café em grãos brasileiro variou de 1,9 a 4,6 kg CO2 eq/kg café, dependendo da região e do sistema de produção adotado, sendo muito mais favorável do que a pegada de carbono do café colombiano, de 6,5 kg CO2 eq/kg café, por exemplo.

Os ICVs consistem em inventários de todos os insumos consumidos e as emissões geradas para a produção de 1 kg de café em grãos. Esses ICVs são a base para a estimação da pegada de carbono do produto.

Os inventários dos processos agrícolas foram construídos na ferramenta ICVCalc, desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente, que incorpora os principais modelos internacionais para estudos de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). Ao todo, foram construídos seis inventários, representativos dos seguintes sistemas de produção: convencional, da Mogiana Paulista; irrigado e não irrigado, do Cerrado Mineiro; manual, mecanizado e semi-mecanizado, do Sul de Minas Gerais. Todos esses inventários estão depositados no SICV (Banco Nacional de Inventários de Ciclo de Vida, IBICT/MCTI) e são de acesso público.

Segundo Marília Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e coordenadora do estudo, as informações geradas, por um lado podem orientar melhorias nas práticas de campo para redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e, por outro lado, podem embasar certificações ambientais, promovendo o acesso a mercados internacionais mais exigentes.

A equipe contou com especialistas em sistemas produtivos de café, como André Dominghetti da Embrapa Café e Nilza Patrícia Ramos da Embrapa Meio Ambiente, que atuaram junto ao setor, buscando representar os processos de produção de café arábica típicos das regiões da Mogiana Paulista e do Cerrado e Sul de Minas Gerais. 

Segundo Nilza, a participação efetiva dos cafeicultores, fornecendo informações sobre as operações e os insumos utilizados durante as mais diversas etapas de produção (desde a fase de muda, passando pela de produção de grãos até a renovação do cafezal), foi essencial para a melhor representatividade do estudo, refletindo em números o que realmente acontece no campo.

Diversos outros especialistas em nutrição de plantas, fitopatologia, solos, geoprocessamento e em avaliação de ciclo de vida (ACV) também participaram do estudo. 

Segundo a analista da Embrapa Meio Ambiente Anna Leticia Pighinelli, a modelagem da ACV foi feita em um software específico, e implica na seleção de fluxos que irão representar cada um dos insumos listados na ICV, tais como fertilizantes, corretivos agrícolas, diesel e eletricidade. Essa seleção tem impacto direto nos resultados do perfil ambiental e da pegada de carbono, e a escolha é sempre embasada pelo estudo criterioso da documentação técnica disponível no software. “Assim é possível garantir que não estamos nem subestimando nem superestimando os impactos”, afirma a analista.

Para Marcelo Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente e também membro da equipe do projeto, a contabilidade da pegada de carbono e do perfil ambiental das culturas, por meio da ACV, considerando as características próprias de nossa agricultura tropical, é essencial para o país se posicionar como referência em agricultura sustentável. Segundo o chefe-geral, “métricas tropicalizadas, com credibilidade científica e padrões reconhecidos na comunidade internacional são elementos essenciais para as negociações internacionais, tanto para ressaltar a qualidade do nosso produto, quanto a sustentabilidade de sua produção. A ACV nos permite ter essa base de comparação internacional, entretanto preservando e ressaltando as características próprias de nossos sistemas de produção, uma vez que também no mercado internacional, o arábica tem destaque, sendo um importante produto nas exportações brasileiras”, enfatiza.

 

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