Café ameaçado por La Niña e guerra na Ucrânia
Temor de que o inverno de 2022 possa acarretar novos danos na produção brasileira preocupa
Dois fatores totalmente fora do controle dos produtores ameaçam o café nos próximos meses: a possibilidade real de um terceiro fenômeno climático La Niña e a guerra na Ucrânia. A análise é do especialista em análise de mercado e agronegócios Carlos Cogo, da Consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio.
“Ainda existem muitas incertezas para 2022/2023, porque a produção de muitos países ainda está em estágio inicial de desenvolvimento da safra. Além disso, ainda é muito incerto o tamanho do impacto da guerra entre a Rússia e Ucrânia no consumo mundial de café”, afirma Cogo no relatório semestral “Café: Tendências dos Mercados de Arábica e Conilon para 2022/2023”.
De acordo com ele, depois dos severos danos provocados pela geada no último ano, o temor de que o inverno de 2022 possa acarretar novos danos na produção brasileira de café arábica deve gerar bastante volatilidade ao mercado: “As análises constantes nos modelos probabilísticos de La Niña/El Niño, bem como indicativos de sua intensidade, serão fundamentais”.
No Brasil, destaca o especialista, há ainda problemas com a “maturação tardia e problemas com mão de obra (disponibilidade e custos mais altos), que estão provocando impacto nos trabalhos de colheita da safra de café. Atrasos na colheita têm sido relatados, especialmente nas regiões de café robusta”.
“No entanto, as chuvas de maio ficaram abaixo da média na maioria das regiões produtoras de café e, além da qualidade, o clima mais seco deve favorecer o andamento da colheita. Nas próximas semanas, os preços internacionais do grão devem continuar voláteis por causa das incertezas na demanda e na oferta (atraso na colheita brasileira), questões logísticas, conflito entre Rússia e Ucrânia e o inverno brasileiro (risco de geadas)”, conclui Carlos Cogo.