A Bunge está entrando no mercado de café através de sua subsidiária Bunge Fertilizantes, maior produtora de defensivos da América do Sul, com atendimento a 60 mil produtores rurais. A empresa, por meio de parceria com a Coimex Trading Company, está lançando uma nova modalidade de negócios para os cafeicultores brasileiros: a troca de sacas de café por fertilizantes. A idéia da companhia é financiar a aquisição de fertilizantes, que podem ser parcelados em até seis meses.
O produto, que pode ser entregue no ato da compra ou na data da colheita do café, será comercializado pela Coimex, que atua há 50 anos na comercialização de café. "A Bunge já tem tradição nas operações de troca de fertilizantes por grãos e está ampliando os serviços para o segmento de café ",diz Maurício Sampaio, diretor de marketing da Bunge Fertilizantes.
No ano passado a empresa realizou um teste de mercado, com operações de troca na região Sul de Minas Gerais, importante pólo cafeicultor do País. "Foram cerca de 200 operações, das quais todo o volume negociado foi recebido",diz Sampaio. Para este ano, a empresa tem planos de implantar a modalidade de operação em todo o estado de Minas Gerais, bem como nos estados de São Paulo, Espírito Santo e Bahia. A operação está sendo feita pelas empresas IAP, Manah, Ouro Verde e Serrana Fertilizantes, marcas da Bunge.
Fidelização de clientes
"Nossos planos são de manter presença firme no mercado, que é a quarta cultura mais importante do portfólio da Bunge, atrás da soja, milho e cana-de-açúcar. "O Brasil é o maior produtor mundial de café. Trata-se de um mercado bastante expressivo. Nossa idéia é fidelizar o universo de cafeicultores",diz. Segundo o executivo, o objetivo da operação é proporcionar ao cliente a garantia de eficiência de produção, onde seu próprio café vira "moeda" de pagamento nesta operação. A medida tende a estimular os tratos culturais na safra 2004/05. "Já no início do período os produtores terão definido a quantidade de café que será destinada à compra de fertilizantes", estima. Nos últimos anos os cafeicultores brasileiros vem reduzindo os tratos culturais das lavouras, em virtude dos baixos preços pagos pelo produto, que permanecem em baixos patamares pelo terceiro ano consecutivo.
Início do programa
O programa de troca teve início em julho e atenderá produtores que cultivam dois tipos de café: arábica, nos padrões bica corrida e BMF, e robusta, nos padrões de exportação. A troca de café por fertilizantes vai até março de 2004. Para participar da operação da Bunge Fertilizantes, os produtores desses estados devem procurar a equipe de venda da Manah, Serrana, Ouro Verde e IAP.
A Bunge Fertilizantes é a maior produtora de fertilizantes da América do Sul. Junto com a Bunge Alimentos, maior empresa brasileira de agronegócio, integram a Bunge Brasil, holding brasileira da Bunge Limited, organização que nasceu em 1818 e está presente no Brasil desde 1905. Já a Coimex está presente em todas as regiões produtoras, com armazéns concentradores em cada região, padronizando os cafés de acordo com as exigências dos principais torrefadores mundiais. A empresa oferece a seus clientes todas as variedades de café verde brasileiro: arábicas lavados, arábicas naturais finos, arábica Rio/Minas e conillon.
Mercado externo
Os contratos futuros de café foram negociados em ligeira alta no pregão de ontem da bolsa de Nova York. Os embarques para entrega em março encerraram negociados a 65,90 centavos de dólar por libra-peso, em alta de 10 centavos no dia. As compras especulativas por parte dos fundos deram sustentação aos preços do grão. Além disso, o aumento da demanda por parte das indústrias torrefadoras, que estão formando estoques para o período de inverno no hemisfério Norte, ajudaram a manter os preços futuros do café em patamares elevados. Traders estão acompanhando as condições climáticas no Brasil para saber se o volume de chuvas nas áreas produtoras será em volume suficiente para favorecer a fase de floração do grão. Chuvas isoladas devem ser registradas em diversas áreas da região Sudeste do Brasil. São Paulo e Minas Gerais devem ser beneficiados pelo registro de chuvas no decorrer desta semana. Já as regiões do Espírito Santo devem receber precipitações somente no final da semana. No estado o clima seco persiste há sete meses.