A venda de terras no Uruguai está batendo recordes este ano, com 240 mil hectares já vendidos, 56% desse total a argentinos, holandeses, espanhóis e especialmente a brasileiros, de acordo com dados divulgados quinta-feira pelo governo uruguaio. O valor total das vendas dessas propriedades, cuja extensão equivale a quatro vezes e meia o território da capital uruguaia, foi de US$ 110 milhões, segundo informou o Instituto Nacional de Colonização (INC), publicados pelo semanário "Búsqueda".
Os brasileiros foram os principais compradores, com 22,5% do total das terras vendidas. Outros 16% foram adquiridas por argentinos e 18% por europeus, sendo que a maior parte das terras por um grupo de origem holandesa.
Recorde superado
A participação de estrangeiros nas compras de terra pode ser ainda maior, porque 28% cento do total foram feitas por empresas cuja origem não pôde ser determinada, afirma a "Búsqueda". De qualquer maneira, a superfície vendida este ano supera, em muito, o recorde anterior registrado em 1997: 208.000 hectares.
A principal causa do crescimento da procura e valorização das propriedades agrícolas foi a alta dos preços no mercado internacional de grãos, carnes e lãs. Também contribuiu, embora em menor escala, o enfraquecimento da moeda uruguaia frente ao dólar a partir da mudança da política cambial uruguaia, em junho de 2002.
Os departamentos (províncias) onde predomina a atividade agrícola , como Paysandú, Treinta y Tres, Río Negro, Rivera e Salto, foram os que receberam maior quantidade de investidores. Os brasileiros escolheram a região nordeste, por estarem próximas à fronteira com o Brasil. Também foram escolhidas as terras mais adequadas ao cultivo de arroz, cuja produção torna-se mais rentável quando desenvolvida em grandes extensões.
Os argentinos preferiram comprar terras em províncias próximas ao litoral oeste, para o cultivo de soja e girassol. Um grupo de capitalistas holandeses adquiriu milhares de hectares em vários regiões, tanto para a exploração agrícola como para pecuária, segundo dados do INC.
As vendas a produtores uruguaios corresponderam a apenas 15% do total. Durante uma recente exposição de agropecuária no país, um grupo de produtores uruguaios protestou contra as autoridades uruguaias pelo que consideram "estrangeirização" da atividade agrícola uruguaia.
Como resposta ao protesto, o vice-presidente uruguaio, Luis Hierro López, afirmou que o Governo "não se opõe" ao investimento estrangeiro em terras, pelo contrário: "são sempre bem-vindos", disse.