O Paraguai recuperou parte da condição de exportador de produtos de origem bovina para o Brasil, que havia perdido em julho deste ano, quando foram notificados focos de febre aftosa no Departamento del Boquerón, próximo à fronteira com a Argentina e a Bolívia. A Nota Técnica nº 27, assinada sexta-feira pelo diretor do Departamento de Defesa Animal (DDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), João Cavalléro, libera a entrada no País de carne bovina maturada e desossada. O único estado brasileiro que não poderá receber o produto é Santa Catarina, por ser área livre de febre aftosa sem vacinação.
A decisão foi tomada com base na avaliação do sistema de defesa sanitária animal paraguaio, feito por técnicos da missão veterinária do DDA que permaneceu no país de 21 a 27 de setembro. "Os serviços sanitários melhoraram muito", afirmou Cavalléro. No caso de Boquerón, o país eliminou o rebanho na área onde foi identificado o foco de aftosa, realizou a vacinação e fez o controle de movimentação dos animais. Mas, a melhor notícia para o governo brasileiro vinda do país vizinho foi a adesão ao calendário de vacinação do Circuito Pecuário do Centro-Oeste, com etapas em maio e novembro.
A decisão do governo paraguaio é considerada uma etapa do processo iniciado em setembro do ano passado, quando o surgimento de focos de febre aftosa levou o governo brasileiro a impor restrições à importação de animais em pé e de derivados de carne bovina. Desde então, os dois países passaram a desenvolver ações para harmonizar medidas de vigilância sanitária. Parte das barreiras chegaram a ser levantadas no final de 2002, sendo retomadas com o surgimento de novos focos este ano.
Como ocorre desde agosto de 2002, as restrições às importações de animais em pé seguem mantidas. "Isso só deve acontecer quando o país for declarado zona livre de aftosa com vacinação pela OIE", afirmou Cavalléro. Ele destacou a importância da decisão para a economia do Paraguai, que conta com um rebanho bovino estimado em 9 milhões de animais.
A próxima barreira à importação de carne pelo Brasil que pode ser derrubada é a imposta à Argentina, em função de focos de aftosa detectados na província de Salta, no norte do País.