Brasil quer fomentar cultivo de lúpulo
A planta é usada pelas indústrias cervejeira, de cosméticos e farmacêutica
O lúpulo, planta da espécie Humulus lupulus, nativa da Europa, Ásia ocidental e América do Norte é conhecido por ser largamente utilizado na produção de cervejas, sendo responsável pelo aroma e amargor da bebida. A planta também possui substâncias terapêuticas na composição das flores, sendo usada pela indústria farmacêutica e de cosméticos. No Brasil, o aumento da produção de cervejas artesanais ampliou a procura por lúpulo de qualidade, principalmente porque esse tipo de cerveja exige maior quantidade do produto na composição.
Levantamento realizado pela Aprolúpulo aponta que, em 2019, o Brasil importou 3.600 mil toneladas de lúpulo, quase 100%. O cultivo ainda é tímido no país, com aproximadamente 40 hectares de área plantada. Com foco em desenvolver o cultivo em terras brasileiras o Ministério da Agricultura e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) estão desenvolvendo uma cooperação técnica em conjunto.
O trabalho pretende identificar oportunidades, articular parcerias, elaborar materiais de referência e implantar um plano de viabilidade técnica e econômica. “Temos acompanhado e incentivado esta cultura, que pode ser uma excelente fonte de renda para o pequeno produtor rural com o seu consequente desenvolvimento social, ao mesmo tempo em que promove o fornecimento de insumos de qualidade e baixo custo às indústrias farmacêutica, de cosméticos e cervejeira”, destaca o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke.
A cooperação também deve fazer um diagnóstico do cultivo no país, a produção, as cultivares utilizadas, a situação legal, os trabalhos técnicos já realizados no país por instituições de pesquisa e ensino e o potencial de expansão em território nacional frente aos diversos climas e condições agrícolas existentes. Será executado um plano de viabilidade técnica e econômica para o plantio comercial e estruturação da cadeia.
Com o intuito de apoiar o produtor rural que está iniciando o cultivo de lúpulo, a cooperação vai elaborar e disponibilizar no portal do Mapa um “Manual de Boas Práticas Agrícolas para a Produção de Lúpulo”. O projeto prevê ainda a organização de três eventos para disseminação de conhecimentos técnicos a produtores e promover discussões acerca da regularização de viveiros e cultivares.
Pesquisa em andamento
Em Santa Catarina a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) em parceria com a Ambev/Lohn implantou uma unidade de pesquisa sobre o cultivo de lúpulo, na estação experimental de São Joaquim.
O lúpulo é uma planta perene (não precisa ser plantada a cada nova safra), com duração comercial por um período de 12 a 15 anos. A partir do terceiro ano, a planta inicia o potencial produtivo. É uma planta trepadeira e o seu crescimento é rápido, chegando a crescer até 30 cm por dia. A altura média da planta é de 5 metros, mas as plantas da família Silveira, em 3 meses de desenvolvimento, desde o plantio, medem mais de 7 metros de altura.Não exige grandes extensões de terra para ser plantado e tem alto valor agregado, por isso pode ser uma boa opção para os pequenos produtores aumentarem a renda.
Um dos desafios é a falta de equipamentos e tecnologia específica para esse cultivo. No Brasil, apenas duas empresas desenvolveram tecnologia e máquinas apropriadas para a produção. “O produtor já deve ter em mente como será feita a entrega do produto ao consumidor, deve saber qual é a variedade que o consumidor está procurando, deve atestar a qualidade do seu lúpulo e ter acesso à assistência técnica. É uma cultura com alto valor agregado, mas também apresenta alto risco”, ressalta o consultor do Mapa, Stéfano Gomes Kretzer.