Brasil pode se beneficiar da crise da soja nos EUA
União Europeia amplia importação de soja e farelo

Segundo dados divulgados pela Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA) referente a semana de (28/02 a 06/03), as cotações da soja na Bolsa de Chicago registraram queda na última semana, atingindo US$ 9,84/bushel no dia 04/03, antes de fechar a US$ 10,14 no dia 06/03. A média de fevereiro ficou em US$ 10,40/bushel, com alta de 1,1% em relação a janeiro, mas bem abaixo dos US$ 11,69/bushel registrados em fevereiro de 2024. A retração dos preços reflete o agravamento das disputas comerciais lideradas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra países como China, Canadá e México. O mercado teme retaliações chinesas às compras de soja americana, como ocorreu em 2018, pressionando as cotações internacionais.
Além disso, Trump anunciou novas tarifas sobre produtos agropecuários importados pelos EUA, o que pode desencadear uma redução da demanda chinesa pela soja norte-americana. Como resposta, Pequim suspendeu as licenças de importação de três empresas estadunidenses.
O Brasil, que já destina 75% de sua soja exportada para a China, pode se beneficiar da menor oferta dos EUA, mas enfrenta desafios logísticos, como fretes elevados, congestionamento de portos e problemas de armazenagem, fatores que encarecem o produto brasileiro no mercado internacional.
Enquanto isso, os embarques de soja dos EUA somaram 695,1 mil toneladas na semana encerrada em 27/02, dentro das expectativas do mercado. No acumulado do ano comercial, os EUA já exportaram 37,6 milhões de toneladas, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.
Na União Europeia, as importações de soja em 2024/25 totalizaram 9,01 milhões de toneladas até 02/03, um aumento de 9% sobre o mesmo período do ano anterior. Já as compras de farelo de soja subiram 29%, enquanto as importações de óleo de palma caíram 22%.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), as exportações brasileiras somaram US$ 48,25 bilhões nos dois primeiros meses de 2025, enquanto as importações atingiram US$ 46,32 bilhões, resultando em um superávit de US$ 1,93 bilhão. Entretanto, fevereiro registrou déficit de US$ 320 milhões, com exportações de US$ 22,93 bilhões e importações de US$ 23,25 bilhões. O crescimento das importações foi impulsionado pela compra de uma plataforma de petróleo avaliada em US$ 2,7 bilhões, adquirida da China. A indústria de transformação se destacou no mês, com alta de 8,1% nas exportações, puxada pelo aumento nas vendas de celulose e carnes. No acumulado do ano, o crescimento foi de 3,7%.