Brasil e sustentabilidade agrícola: Desafios e oportunidades

A sustentabilidade agrícola tem ganhado destaque global, especialmente no contexto da Agenda 2030 da ONU. A FAO lidera esforços para medir práticas sustentáveis através do indicador ODS 2.4.1, que avalia terras agrícolas sob sistemas produtivos e sustentáveis. Contudo, como destacou o engenheiro agrônomo Luis Eduardo Rangel, ex-Secretário de Defesa Agropecuária, a baixa coleta de dados em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, limita a implementação desse indicador. A solução temporária da FAO, baseada em indicadores proxy, busca preencher lacunas até que haja dados mais detalhados.  

O Brasil, com sua diversidade biológica e papel de liderança no agronegócio, possui a oportunidade de contribuir de forma única para essas discussões. É fundamental alinhar os indicadores globais às especificidades da agricultura tropical, garantindo que reflitam os desafios locais e promovam uma avaliação mais precisa da sustentabilidade no país. Dados já disponíveis em plataformas como o IBGE e MAPA são valiosos, mas carecem de integração com as exigências internacionais para medir aspectos como saúde do solo, eficiência do uso de nitrogênio e emissões de gases de efeito estufa.  

Comparado a países da OCDE e do G20, o Brasil apresenta disparidades significativas em tecnologia de precisão e práticas sustentáveis. Programas como o Plano ABC+ demonstram avanços, mas os inventários nacionais de emissões ainda não capturam adequadamente os resultados dessas iniciativas. A participação ativa do Brasil nas discussões globais pode fortalecer a coleta de dados, construir capacidades institucionais e influenciar a formulação de indicadores mais equitativos.  

Essa abordagem não apenas aprimora a competitividade do setor, mas também reforça o compromisso com metas globais de sustentabilidade. Para que o Brasil lidere nesse cenário, é crucial investir em parcerias acadêmicas e aprimorar a análise de dados, alinhando-se às melhores práticas globais.